PARASHÁ

VAYESHEV

וישב

E Assentou-se

Gênesis 37:1-40:23

1: Gn 37:1 – 37:11

2: Gn 37:12 – 37:22

3: Gn 37:23 – 37:36

4: Gn 38:1 – 38:30

5: Gn 39:1 – 39:6

6: Gn 39:7 – 39:23

7: Gn 40:1 – 40:23

Estudo

Haftará: Amós 2:6-3:8

Brit Chadashá: Atos 7:9-16

Mishná Yoma: Bava Batra 10:1-2 a Sanhedrin 1:5-6

Segundas e Quintas:

10 p’sukim
10 p’sukim
18 p’sukim

RESUMO

Parashá Vayeshev

Gênesis 37:1-40:23

Yossef conta aos irmãos e aos pais os sonhos que teve nos quais todos se prostram para ele. Os irmãos têm inveja de Yossef por ser este o preferido de Yaacov, eles o vendem a uma caravana de Ismaelitas e dizem que Yossef morreu devorado por um animal. Yossef vai parar no Egito, na casa de Potifar. A esposa de Potifar tenta seduzí-lo, sem sucesso, e Yossef vai preso acusado de tentar violentá-la. Após algum tempo na prisão, Yossef  interpreta corretamente os sonhos do padeiro e do copeiro de Faraó.

Lição Prática

Todos nós sonhamos em desfrutar de uma vida tranquila e serena. Mas serenidade demais pode levar à senilidade? Na porção desta semana da Torá, nosso patriarca Yaacov finalmente retorna à Terra Santa depois de duas décadas trabalhando para seu sogro, Labão, em Haran: Vayeshev Yaakov, “E Yaacov se estabeleceu.” Yaacov estava procurando “se acalmar” e desfrutar de um tempo de silêncio muito necessário após as muitas dificuldades que experimentou em sua vida turbulenta, Rashi explica: Quando Yaacov procurou se estabelecer em tranquilidade, a angústia do desaparecimento de Yossef se abateu sobre ele. Os justos procuram se estabelecer em tranquilidade.  Disse D’us: ‘Não é suficiente para os justos desfrutarem das recompensas preparadas para eles no Mundo Vindouro, que eles querem viver à vontade neste mundo também?’ 

As últimas décadas da vida de Yaacov foram tumultuadas. Primeiro, ele teve que fugir da ira de seu irmão gêmeo Esav. Então, ele suportou mais de 20 anos de luta com seu sogro trapaceiro, Lavan, seguido pelo reencontro assustador com Esav. Para pôr sal às suas feridas, ele sofreu com o terrível abuso de sua filha Diná nas mãos de Shechem.

Com um trauma atrás do outro, seria mesmo um crime respirar fundo e relaxar um pouco? É pecado relaxar?! Certamente, Yaacov poderia ser perdoado por querer desfrutar de um pouco de tempo? O que havia de tão terrível em esperar uma merecida serenidade? Uma vez o Rebbe citou uma frase bíblica que diz: “o homem nasceu para trabalhar”. A vida é para ser produtiva, não vegetativa. O trabalho, as tarefas, metas exigem esforço físico e mental, demandam busca por mais. Mantém objetivos e propósitos vivos e consequentemente mantém a pessoa viva, o contrário é auto deterioração e morte.

Autor: Rav. Yehoshua Sh’lomo

 

 

 “E SE EU ESTIVESSE NO LUGAR DO O OUTRO”

A respeito de julgar ou condenar os erros e falhas aparentes dos outros, nossos Sábios disseram: “Não julgue seu próximo até que você se coloque em seu lugar” (Ética dos Pais 2:4).

A Chassidut explica que, como jamais alguém pode realmente se colocar no “lugar” de outro, jamais entendendo por completo as motivações por trás de seu comportamento, é incapaz de julgá-lo (Sefat Emet).

Todavia, “até que você tenha se colocado no lugar dele” implica que deve-se tentar entender o próximo da melhor maneira que puder, chegar tão perto quanto possível do “lugar” do próximo, procurando entendê-lo (tanto intelectual quanto emocionalmente) com a maior e mais profunda expressão de amor.

Conforme a pessoa se aproxima de alguém, sua perspectiva para com ele pode mudar. Começa a vê-lo sob uma luz mais favorável, e até mesmo a reconhecer que as aparentes falhas que observou nele são na verdade reflexo das falhas, idênticas porém menos aparentes, de si mesmo. Ele é agora capaz de realizar o ditado complementar de nossos Sábios “Julgue todos os homens favoravelmente” (Ética dos Pais 1:6), e a aplicar o ensinamento do Báal Shem Tov no versículo: “Você certamente admoestará seu próximo.” Primeiro alguém deve repreender a si mesmo (a respeito da mesma falha que enxerga no próximo), e somente então será capaz de admoestar construtivamente outra pessoa.

Quando a pessoa percebe que a retificação de outro depende da retificação de si mesmo, aprende a ser paciente com os outros. A paciência é o antídoto para a raiva. Somente quando se dirige à própria má inclinação da pessoa a raiva é justificada, como ensinam nossos Sábios: “A pessoa deve sempre provocar a fúria de sua boa inclinação contra sua má inclinação” (Talmud, Berachot 5a). A respeito dos outros em geral, e do próprio cônjuge em particular, a pessoa deve se esforçar para assumir o atributo Divino da “infinita paciência.”

A infinita paciência é a consciência – o espaço infinitamente grande da mente – que favorece a capacidade da pessoa de esperar para que o conflito se resolva por si mesmo, de suspender o julgamento, de conferir continuamente e controlar sua tendência inata de relacionar-se impulsivamente com os outros. Esta é a chave para evitar o dano que a pessoa inflige sobre si mesma e sobre os outros, quando é incapaz de controlar as reações de sua “natureza primária” às situações da vida. Todos os grandes pecados, arquetípicos da Torá, resultaram de uma básica falta de paciência.

O pecado primordial foi comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Se Adão e Eva tivessem esperado umas meras três horas até o início do Shabat antes de comerem o fruto, teriam herdado as bênção do Éden para toda a eternidade. Foi a falta de paciência que provocou a queda daquela sublime realidade inicial, a sentença de morte para a humanidade e o prolongado exílio do paraíso para o homem.

Ao receber a Torá no Monte Sinai, o povo de Israel como um todo retornou ao estado Edêmico, livres do Anjo da Morte. Eles perderam este estado com o pecado do bezerro de ouro, o ídolo que visava substituir seu líder, Moshê, por terem eles deixado de esperar para que ele descesse a montanha. Nossos Sábios referem-se a este pecado como o pecado público arquetípico (Talmud, Avodá Zará 4b).

David e Batsheva estavam destinados um para o outro, desde o início dos tempos. Eles deveriam ser a retificação consumada do casal primordial, Adão e Eva. David tomou Batsheva prematuramente (Talmud, San’hedrin 107a; Zôhar 3:78b; Talmud, Shabat 55b), nas palavras de nossos Sábios: “Ele tomou dela antes que ela amadurecesse.” Esta impaciência impulsiva foi a essência do “pecado”.

Com a paciência, vem a capacidade de transcender o caráter mortal inato da pessoa, e cumprir o mandamento de imitar a D’us: “Assim como Ele é misericordioso, seja também misericordioso… Assim como Ele é infinitamente paciente, seja também infinitamente paciente” (Talmud, Shabat 133b; Mishnê Torá, Deot 1:6). Assim era o temperamento de Moshê, como foi dito: “E o homem Moshê era muito humilde” (Bamidbar 12:3), que Rashi explica como “humilde e paciente.”

Os parceiros do casamento precisam estar sempre vigilantes no cultivo da paciência. A paciência depende de fé e confiança em D’us: se queremos algo e não recebemos, é porque ainda não o merecemos. Quando os cônjuges percebem isso, tornam-se muito mais pacientes um com o outro. Ao invés de exigir que seu parceiro seja mais perfeito que si mesmo, concentram-se em retificar primeiro seu próprio caráter, com a ajuda de D’us.
(Por Rabino Itzchak Guinsburgh)

 

Midrashim

Artigos relacionados