Haftará: Ezequiel 28:25 – 29:21
Brit Chadashá: Romanos 9:14 – 24
Mishná Yoma: Sanhedrin 10:4-5 a Makot 1:4-5
Segundas e Quintas:
10 p’sukim
10 p’sukim
18 p’sukim
Êxodo 6:2 – 9:35
A Parashá desta semana chama-se Vaerá (E Apareci) e está contida no segundo livro da Torah, Shemot/Êxodo 6:2-9:35.
Esta Parashá começa com o Eterno falando a Moshe, lembrando Sua aliança com Avraham, Itzchak e Yaacov, e a promessa de dar-lhes a Terra de suas peregrinações. Após anos de escravidão no Egito e o clamor do Seu povo, o Eterno envia Moshe para anunciar a boa notícia da salvação e libertação. No entanto, o povo não creu nele nem deu ouvidos devido à falta de ar, simbolizada pela palavra hebraica “רוח” (ruach), que significa sopro, vento e espírito, e devido ao jugo pesado da escravidão.
Moshe, obedecendo às ordens do Eterno, vai até o Faraó com seu irmão Aharon e pede em nome de HaShem que liberte o povo. No entanto, o Faraó não reconhece o Eterno como D’us e recusa-se a liberar o povo.
Então, o Eterno põe Moshe como líder sobre o Faraó e Aharon como seu profeta, e começa a mostrar Seu poder e maravilhas através deles na Terra do Egito. As pragas incluem a transformação das águas do Nilo e de todo o Egito em sangue, a invasão de rãs e sapos, piolhos e insetos, a morte do gado, doenças de pele e uma tempestade de granizo com fogo. Em dado momento, o Faraó se arrepende e clama a Moshe pelo fim da praga, mas depois endurece seu coração novamente.
Uma lição importante desta Parashá está no versículo 6:9, onde Moshe anuncia ao povo as boas novas da libertação, mas o povo não crê e não dá ouvidos devido à falta de “רוח” (ruach), o sopro de vida e o espírito. Isso nos lembra que, assim como na época de Yeshua, quando ele anunciou as boas novas, muitos não acreditaram porque estavam sem o “רוח” (ruach). Yeshua nos orienta a encontrarmos nele, a Torah viva, a Shalom (Paz – Plenitude), e assim venceremos as aflições (צרות) e o mundo.
Este resumo destaca os principais acontecimentos da Parashá Vaerá e a importante lição sobre a necessidade do espírito (רוח) na compreensão das boas novas e da libertação
Autor- Rav. Yehoshua Sh’lomoh
NEM SEMPRE SEREMOS LIVRES DE IMPEDIMENTOS
A Torá não identifica a natureza ou as origens da dificuldade de Moisés. Rashi postula que Moisés tinha um impedimento real na fala – talvez uma gagueira ou um ceceio severo. Um midrash explica que a fala impedida de Moisés datava da infância, quando o anjo Gabriel o guiou para colocar uma brasa em sua boca. Talvez Moisés fosse profundamente tímido, um pastor que preferia a companhia de animais à de pessoas com sua demanda insaciável por palavras.
Emprestando ainda mais obscuridade, o impedimento de Moisés é totalmente auto descrito. Aprendemos sobre isso apenas por meio de seus próprios protestos por ter sido escolhido como libertador de Israel. Enquanto o narrador bíblico onisciente fornece as descrições de seus outros personagens centrais, ele é silencioso sobre a “boca pesada e a língua pesada” de Moisés(Êxodo 4:10) condição. A ausência dessa corroboração narrativa implica que o impedimento de Moisés pairava mais em sua própria mente do que como uma deficiência perceptível para os outros.
Seja qual for a natureza do impedimento, é claro que cada declaração exigiu um preço doloroso de Moisés. Deus, portanto, envia Arão para ser o porta-voz de seu irmão, e Arão permanece ao lado de Moisés enquanto os dois acumulam ameaças e pragas sobre o Faraó e os egípcios. De fato, é Arão quem inicia as três primeiras pragas, esticando sua vara sobre as águas para produzir sangue e rãs e batendo na terra para invocar piolhos.
Embora os irmãos pareçam ter se acomodado bem em seus papéis complementares, uma dificuldade incômoda permanece. Na parashá da semana passada, Deus rejeitou os protestos de Moisés dizendo: “Quem dá ao homem a fala?… Não sou eu, o Senhor?”(Êxodo 4:11) Por que então, em vez de forçar Moisés a sofrer humilhação e ansiedade, Deus não elimina o impedimento? Por que oferecer Arão como muleta em vez de resolver o problema?
A solução de Deus de Arão como tradutor contém a resposta: o papel de Arão como mediador foi crítico para o sucesso da liderança de Moisés. A tradução de Arão não apenas suavizou as gagueiras de seu irmão, mas também fez a ponte entre uma vasta diferença existencial que havia entre Moisés e os escravos que ele foi encarregado de libertar.
Moisés, criado como filho da filha do faraó, cresceu em privilégios. Ele não tinha sido espancado por tropeçar em sua própria exaustão. Sua mente não tinha sido anestesiada pelo horror monótono da escravidão. Moisés certamente podia sentir raiva justa pela amargura da servidão dos hebreus, mas seus fardos nunca foram seus. A dor deles não era seu desespero. Ele simplesmente nunca tinha sido um escravo. Arão, por outro lado, não foi criado no palácio do Faraó: ele foi criado como escravo, em uma família e comunidade de escravos.
A confiança de Moisés na tradução de Aarão serviu como um lembrete constante de que, para advogar efetivamente por sua nação, Moisés precisava ir além de sua própria experiência pessoal. Aarão podia falar diretamente da experiência de opressão, e seu papel como tradutor ajudou Moisés a atravessar a grande divisão entre ele e os antigos escravos.
Cada vez que Moisés buscava usar os lábios de seu irmão, o grande líder era compelido a confrontar o fato de que, embora pudesse falar com Deus sem barreiras, advogar por Israel era uma questão mais complicada.
Como judeus, fomos criados, como Moisés, entre privilégios. Embora isso nos dê grande poder para defender aqueles em necessidade ao redor do mundo, também significa que não compartilhamos pessoalmente suas experiências. A parceria entre Moisés e Arão nos ajuda a entender que, em uma situação de tamanha disparidade, não podemos trabalhar sozinhos, mas devemos trabalhar juntos com as comunidades que buscamos ajudar.