Haftará: Jeremias 2:4-28 , 4:1-2
Brit Chadashá: Filipenses 3:12-16
Mishná Yoma: Zevachim 4:1-2 a 4:5-6
Segundas e Quintas:
33:1-3 – 3 p’sukim
33:4-6 – 3 p’sukim
33:7-10 – 4 p’sukim
Moshé registrou por escrito o trajeto do Povo de Israel através do deserto desde o momento em que partiram do Egito até a sua chegada às planícies de Moav. Os israelitas acamparam em quarenta e dois lugares diferentes durante os seus quarenta anos de peregrinação.
Depois de ter expulsado os habitantes de Canaã, o povo recebeu a ordem para destruir toda idolatria nesse território. Já que os levitas não receberiam uma porção como os demais, cidades especiais foram separadas para eles. Alguns destes locais serviriam também como cidades de refúgio para alguém que, sem intenção, tenha matado uma pessoa, e então fugiria para uma destas cidades para buscar abrigo e evitar a vingança de um parente próximo da vítima, lá permanecendo até a morte do atual Cohen Gadol. Após estabelecer os parâmetros para as várias categorias de assassinato, o livro Bamidbar conclui com informação mais completa a respeito das filhas de Tslofchad e as leis sobre herança.
Moshê recapitulava as jornadas para lembrar a bondade e o amor de D’us ao povo, pois em todo lugar onde este pousava, a assistência Divina não lhe faltava. Se contarmos estes lugares, veremos que são quarenta e dois, e D’us tinha dito a Moshê: “Ehiê Ashér Ehiê” (Serei O que Serei) ( Ex 32:14). A palavra Ehiê, repetida duas vezes e cujas letras somam 42, assinalaram, desde então que o Eterno estaria com o povo também nas quarenta e duas peregrinações do deserto.
Autor – Rav. Yehoshua Sh’lomoh
O QUE LEVAMOS CONOSCO
A vida é uma jornada com estações ao longo do caminho, algumas mais confortáveis que as outras. Mas quando nós chegamos àquelas estações mais confortáveis, podemos esquecer que ainda não chegamos ao nosso destino. D’us nos colocou na terra com um objetivo. Ele trouxe nossas almas lá de cima, e quando nossa jornada estiver completa, Ele retornará nossas almas àquele lugar celestial. Durante essa jornada, nossas almas devem realizar algo – algo que possam levar de volta para seu lar celestial.
Esta realização não pode ser mensurável em termos temporais porque realizações temporais não fazem a viagem de volta conosco. Uma antiga parábola ensina que o ser humano tem três amigos, e somente em nosso funeral podemos realmente apreciar qual dentre eles é o mais importante. O primeiro amigo não se dá ao trabalho de comparecer ao nosso funeral. O segundo vai, mas para perto do túmulo e não passa daí. O terceiro amigo nos acompanha na última parte da jornada e está ao nosso lado quando chegamos ao céu.
Os únicos amigos que realmente ficam conosco são as nossas boas ações. A caridade que fizemos, a honra e o respeito que demonstramos aos nossos pais e a Torá que estudamos, todos ficam juntos quando retornamos ao céu. Mas agora estou certo de que você já sabe que o primeiro desses amigos são as nossas realizações materiais, casa, carro, contas bancárias, guarda-roupa e propriedades. Essas coisas nos servem nesta vida, mas não vão junto quando partimos. Elas não vão até o cemitério para se despedir. Em vez disso ficam para trás e servem a novos donos.
O segundo desses amigos são nossa família e amigos mais chegados. Essas são as pessoas que tocamos e que nos tocaram durante a nossa vida. Essas pessoas nos amam e nos acompanham até o túmulo, mas não podem ir além. É ali que nos separamos. Vamos para o céu e nossos entes queridos ficam para trás.
Os únicos amigos que realmente ficam conosco são as nossas boas ações. A caridade que fizemos, a honra e o respeito que demonstramos aos nossos pais e a Torá que estudamos, todos ficam juntos quando retornamos ao céu.
Porém na vida passamos muito mais tempo e gastamos mais energia acumulando a primeira categoria de amigo, e muito menos tempo e esforço com a segunda e a terceira. Isso porque esquecemos que estamos numa jornada. Ficamos tão confortáveis na nossa estação particular na vida que nos tornamos míopes e vemos apenas as necessidades e interesses da estação atual.
Suponha que você está viajando para visitar sua mãe e para à noite num belo hotel de frente para um lago pitoresco com uma vista perfeita do pôr-do-sol. Você fica tão encantado com o local que decide passar mais um dia. Um dia se transforma numa semana e não demora muito você aluga um apartamento, consegue um emprego, constroi uma casa e se instala na estrada à beira do lago.
Um belo dia sua mãe telefona e pergunta por que você nunca chegou para a visita. A essa altura você finalmente percebe que se deixou empolgar.
A vida tem muitas estações. Infância, vida adulta, paternidade e vida de avô, cada qual possui seu próprio conjunto de alegrias, desafios e responsabilidades. Porém o traço em comum é que são meras estações na jornada do nascimento à morte e além. O sábio lembra da jornada e se recusa a deixar-se levar pela sedução das estações.
O sábio lembra que o motivo para pararmos em qualquer estação em particular é para coletar uma mitsvá, não disponível em nenhuma outra estação da vida. Podemos servir a D’us como adultos em maneiras que são impossíveis para crianças e vice-versa. Não chegamos à paternidade porque ansiamos pelas alegrias de criar filhos; tornamo-nos pais para servir a D’us em novas maneiras. Essas formas de serviço se acumulam no decorrer da vida e terminam se tornando a soma total de nossas realizações. Este total é trazido à tona em nossa jornada final, quando apresentamos nossa oferenda a D’us.
Este tipo de esquecimento jamais ocorreu a nossos ancestrais quando eles viajaram do Egito para Israel. Embora passassem quarenta anos viajando pelo deserto e acampassem em algumas estações durante longos períodos, eles jamais tiraram os olhos da meta; sempre se lembraram que as viagens eram um meio para um fim. Até quando estacionavam em um local durante 21 anos, eles continuaram a se ver em movimento. Em suas mentes estavam constantemente na estrada.
É por isso que o nome da porção da Torá que descreve os quarenta e dois lugares nos quais nossos ancestrais acamparam no deserto é Massê, “jornadas” . Não é chamada de “estações”, “instalações” ou “acampamentos” porque em suas mentes, eles nunca se estabeleceram, não até chegarem ao destino – a terra de Israel. Foi uma viagem constante, e eles estavam sempre em movimento.
Nós também estamos a caminho. Os luxos, prazeres e alegrias da jornada não são importantes. Que cheguemos ao nosso destino, enriquecidos pela nossa jornada, de fé.
Uma História
Conta-se a história de um rico mercador que viajava através da cidade de Mezeritch. Como não tinha reservado acomodações para a noite, o homem aceitou um convite do famoso Rabi Dov Ber, o Maguid de Mezeritch para hospedar-se em sua casa. Chocado pela terrível pobreza que viu na casa do Maguid, ele perguntou como o Maguid podia viver daquela maneira. O Maguid exclamou: “Ora, eu tenho mais que você, pois se não o tivesse convidado para passar a noite, você não teria sequer um teto sobre a cabeça.”
O viajante respondeu que em casa ele tinha uma residência bonita e bem mobiliada, mas aqui estava apenas a caminho, onde poderia passar com muito menos.
A resposta do Maguid: “Eu também estou a caminho – pois a vida é uma jornada da terra ao céu.”
Esta resposta ecoa através das gerações e atinge diretamente os nossos corações.
( baseado em Sefer Taam Vadaat/ Lazer Gurkow)