Haftará: Ezequiel 4:4 – 5:31
Brit Chadashá: João 6:22 – 40
Mishná Yoma: Makot 3:2-3 a 3:14-15
Segundas e Quintas:
10 p’sukim
10 p’sukim
18 p’sukim
Êxodo 13:17 – 17:16
D’us tirou os judeus do Egito para levá-los à Terra de Israel. O caminho mais curto para lá era cruzando a terra dos Filisteus. No entanto, D’us os conduziu por um caminho diferente, mais longo, ao redor da terra dos Filisteus. O caminho mais curto, pensou D’us, tornaria muito fácil para os judeus voltarem ao Egito caso fossem atacados pelos inimigos. Sentiriam medo e tentariam retornar ao Egito. Por esta razão, D’us os conduziu pelo caminho mais longo, através do deserto. D’us enviou uma nuvem que os precedia, e eles a seguiam. À noite, uma coluna de fogo mostrava o caminho. Iluminava o povo de Israel, para que pudessem ver no escuro. Além disso, nuvens os rodeavam, dando-lhes proteção: uma a leste, outra a oeste e outra ao sul. Outra nuvem se estendia debaixo de seus pés como um tapete, para suavizar o caminho e levar os tsadikim (homens justos). Outra nuvem flutuava no ar sobre eles e os protegia do calor do sol. Toda a travessia do deserto foi feita sob a proteção de D’us.
Uma parábola: Por que D’us enviou uma coluna de fogo à noite?
O rei estava muito ocupado. Todos aqueles que tinham uma reclamação a fazer iam vê-lo naquele dia, para que ele pudesse ouvi-los e emitir um julgamento que estabeleceria a paz entre as partes conflitantes. Os filhos do rei estavam sentados ao redor do trono, ouvindo os sábios conselhos do pai. Um após o outro, os súditos iam e vinham. Quando o último saiu, o dia havia chegado ao fim. Estava escurecendo na sala do trono. O rei se levantou, acendeu uma tocha e a colocou à frente de seus filhos, para que pudessem encontrar o caminho para sair do palácio. Todos os nobres e serventes se apressaram em correr para ajudá-lo. “Não se preocupe em segurar a tocha para seus filhos, majestade!” exclamaram.
O rei replicou: “Não seguro a tocha para meus filhos porque não tenho quem o faça por mim. Seguro-a eu mesmo porque desejo mostrar o quanto amo meus filhos. Então vocês os tratarão com o devido respeito.”
CONCLUSÃO: De maneira análoga, D’us enviou sua coluna de fogo adiante dos Filhos de Israel no deserto. Poderíamos dizer que “levou uma tocha por eles.” Fez isso para mostrar às nações o quanto ama os judeus. D’us esperava que as nações, então, dessem aos judeus o merecido respeito.
Dessa mesma forma D’us haje nos dias de hoje. Sabemos claramente que a nação de Israel é cercada por inimigos e passa muitas vezes por caminhos escuros, (seja os judeus dentro de Israel ou os que estão da diáspora), porém a Luz da salvação de Hashem sempre brilha para nós o seu povo; e em breve brilhará para sempre quando o Mashiach vier e o reino de D’us se estabelecer, esperamos que seja em breve – Amén
Autor – Rav. Yehoshua Sh’lomoh
ESQUECEMOS RÁPIDO DEMAIS D’US
A libertação dos escravos israelitas por Deus, a perseguição dos hebreus em fuga pelo faraó e seu exército, a divisão do Mar Vermelho, com Israel cruzando com segurança além e as forças do faraó se afogando nas águas — essas cenas moldaram indelevelmente a consciência do povo judeu ao longo de nossa tumultuada história. Somos quem somos precisamente porque nos lembramos de nossas origens como um povo escravo, porque grande parte da prática judaica é projetada para nos lembrar que devemos nossa liberdade a um Deus de amor e justiça.
A história da libertação do Egito é a pedra angular da existência judaica. Ou não? Leia a porção da Torá novamente, e você verá que o mais impressionante não são os milagres — por mais maravilhosos que sejam. O que é particularmente notável é a rapidez com que os escravos israelitas se esquecem de sua extraordinária redenção. Mal cruzaram para a liberdade, quando o povo reclamou com Moisés e com Deus. Reclamaram da falta de água, reclamaram da falta de comida e reclamaram simplesmente de não estarem mais cercados pelo familiar — ainda que hostil — Egito.
Nas palavras do Midrash Shemot Rabbah, “Você se esqueceu de todos os milagres que Deus realizou para você?” Milagres parecem ser uma maneira ineficaz de inculcar uma consciência de Deus. Na verdade, a Bíblia inteira pode ser lida como um livro sobre a incapacidade consistente de Deus de ensinar os judeus a serem gratos. Primeiro, Deus tenta um jardim idílico. Isso não funciona; Adão e Eva desobedecem de qualquer maneira. Então Deus envia um dilúvio. Isso também falha; as pessoas continuam a agir violentamente. Deus então escraviza os judeus, envia um libertador e os redime do Egito. Depois de dez pragas milagrosas e um mar dividido, os judeus ainda agem truculentamente.
Deus dá uma Torá de instruções – os judeus a ignoram. Deus envia profetas de percepção – os judeus se rebelam contra eles. A Bíblia parece indicar que milagres não funcionam. As pessoas se maravilham com eles enquanto estão em andamento, e então se esquecem deles no momento em que terminam.
Reformar o caráter humano requer muito mais do que “efeitos especiais”, não importa quão Divina seja sua origem. Transformar o comportamento humano não requer drama grandioso, mas sim educação constante e gradual, reforço, disciplina e comunidade.
A mudança do judaísmo bíblico para o rabínico reflete a crescente percepção divina de que a maneira de moldar um povo sagrado não está em milagres externos, mas na transformação interna. Essa transformação é realizada por meio de pequenos e prosaicos progressos. Ao incorporar gradualmente mitzvot (mandamentos) em nossas vidas — movendo-nos um passo de cada vez em direção a fazer Shabat e tzedaká [caridade],cashrut [observância das restrições alimentares judaicas] e justiça social, oração e estudo são partes regulares do nosso ser – podemos, com o tempo, nos refazer à imagem Divina.
Tal transformação é muito mais difícil do que simplesmente dividir um mar. Ela envolve uma tenacidade e uma abertura que devem ser cultivadas continuamente. Mas a recompensa de tal transformação é precisamente o que Deus buscou há mais de três mil anos nas margens do Mar Vermelho — uma comunidade judaica que coloca Deus no centro por meio do estudo, prática e desenvolvimento de nossa herança sagrada.
(Rabino Dr. Bradley Shavit Artson)