Viajando a uma grade de
distância por um cigarro

Quão tolos são aqueles que desperdiçaram toda a sua vida acumulando riquezas, sem pensar nas razões que os trouxeram a este mundo. Eles deveriam aprender com o exemplo dado pelos carroceiros: nenhum carroceiro viajaria, sequer por alguns quilômetros, se o total de seus honorários cobrisse apenas a sua sobrevivência. Certamente não valeria a pena gastar o seu tempo sem ter algum lucro para levar para casa e sustentar a sua família.

Pense na viagem que a alma faz para descer das alturas a este mundo. Ela viaja milhões de quilômetros para chegar aqui! Certamente não valeria a pena caso tudo aquilo que aqui conseguisse fosse para o seu sustento. Deve haver algo que ela possa levar consigo ao retornar à sua casa Celestial. Se muitas pessoas buscam apenas a prosperidade terrena, só pode ser porque foram enganadas e iludidas pela inclinação malévola, levando-as a acreditar que é para isto que estão aqui.

Considere o seguinte incidente:

Certa vez, um homem muito tolo pôs-se a caminho de uma cidade distante centenas de quilômetros. Um companheiro de viagem perguntou-lhe os motivos que o levavam a viajar, ao que, inocentemente, o homem respondeu que, naquela cidade, ele poderia comprar bons cigarros. Em sua simplicidade, ele considerava isto um bom investimento de seu tempo e energia, o que o deixava em paz com a sua decisão. Por outro lado, o seu companheiro imaginou que aquele pobre homem estava sofrendo de alucinações ou que era um completo idiota.

Assim é o nosso caso. Enquanto a pessoa está neste mundo, ela se ilude ao pensar que as suas frivolidades e banalidades têm uma eterna significância. Porém, quando a sua alma ascender ao outro mundo, os seus olhos se abrirão ao verdadeiro valor de suas realizações e feitos em vida. Ela prontamente verá que nada de valor trouxe consigo; e ela repreenderá a si mesma por ter rejeitado as pérolas (o estudo da Torá e as mitsvot) para, em vez disso, juntar cacos e quinquilharias. Infelizmente, já terá sido tarde demais.

Acredito ter sido isto o que os sábios queriam dizer ao comentarem sobre a descrição das Escrituras, feita ao Rei Salomão: “Era mais sábio do que todos” (Reis I 5:11). Os Sábios tomaram isto para dizer: “Ele foi, até mesmo, mais sábio do que os tolos!”. Em outras palavras, ele se recusou a adotar os destrutivos hábitos dos tolos que ignoram os ditados do bom senso e, em vez disso, seguem os seus mais baixos instintos. O Rei Salomão demonstrou a sua sabedoria ao refrear as suas ambições, luxúrias e paixões.

A verdade é que o malfeitor é apenas um diferente tipo de tolo; ele é um tolo que se permitiu ser dominado por seus instintos animais. A única diferença entre um malfeitor e um tolo comum é que ele emprega o seu poder de raciocínio para planejar os seus maus atos para ocultar dos outros a sua tolice, fazendo com que ninguém perceba o quão tolo ele é. Eis o que os Sábios queriam dizer ao afirmar: “Ninguém comete pecado até que o espírito da tolice tenha penetrado nele”.

                                                                                        

(Nefutsot Yisrael, cap. 6)

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