No Pirkê Avot, está escrito: “As palavras do sábio são ouvidas, porque são ditas com tranquilidade”.
Se para um homem não é adequado gritar, muito menos o é para uma mulher. Assim, compreendemos que todo o nosso trabalho neste mundo é ter autocontrole.
O Gaon de Vilna z’l escreve que a principal tarefa do indivíduo no Olam Hazê (neste
mundo) é trabalhar seus traços de caráter. Caso contrário, que justificativa tem sua vida, se o sujeito não estiver aqui para refinar suas midot?
Nos conceitos da Torá, não é aceitável a alegação: “Eu sou assim e pronto”. Ouvimos várias vezes, pessoas lançando mão desse argumento para não ter de aprimorar suas midot. Ora, o indivíduo pode até “ser assim”, mas Hashem lhe deu instrumentos,ferramentas e capacidade para que se aperfeiçoe, tornando-se mais calmo e equilibrado.
(trecho do livro hilchot deot)
Quando observamos as palavras acima podemos perceber que a modéstia na fala é um dos caminhos mais poderosos para sermos transformados e aplicarmos o ensino que absorvemos da Torah.
A fala tem poder de criar mundos “ Deus nos impediu de ferir os outros com a boca, [assim] como Ele nos impediu de feri-los com ações. (Sefer Hachinuch 231:1) e “Uma aliança é feita com os lábios” – significando dizer que há poder nas palavras da boca de uma pessoa. (Moed Katan 18a).
Percebemos assim que o cuidado com a fala não se baseia apenas em manter o bom testemunho do povo judeu mas, pode e, interfere diretamente no mundo em que vivemos (casa, sinagoga, trabalho e na missão do Tikum Haolam). Devemos observar então que não devem sair de nossas bocas (ou pelo menos não deveria) palavras de maledicência, palavrões, fofocas, e nem brincadeiras de mal gosto como colocar apelidos e pré-julgar os outros.
Há uma história que fala sobre Sinat Devarim (palavras odiosas) : “ Quando uma pessoa houve uma palavra de alguém que a magoou – ainda que foi por brincadeira, e ela se coloca em oração diante do Santo Bendito Seja, sua oração é recebida nos céus com os portões abertos e é apresentada diretamente diante de H’shém”; sendo assim devemos tomar cuidado, por causa de palavras vãs que saem das nossas bocas podemos atrair juízos e sentenças contra nós mesmos.
Por esse motivo temos na nossa reza da Amidá a frase “ Meus D’us, preserva minha língua de calúnias e meus lábios de duplicidade.” Dessa maneira recebemos capacidade Daquele que criou a boca, e suplantar nossas debilidades e desvios na fala.
Escrito por: Morah D’vorah Anavá