O Tehilim 91 é uma das passagens mais reconfortantes das Escrituras, frequentemente chamado de “Salmo da Proteção”. Ele descreve a segurança que aqueles que confiam no Eterno encontram ao abrigar-se sob Suas asas. Neste artigo, exploraremos a profundidade espiritual deste salmo, considerando as perspectivas do Talmud, da Kaballah e dos ensinamentos de Yeshua.
O salmo começa destacando a relação íntima entre o fiel e o Criador. O termo “esconderijo” (no hebraico, seter) sugere um lugar de proximidade e proteção divina. No Talmud (Makkot 24a), é ensinado que a Torá é um refúgio espiritual para aqueles que a estudam, apontando que habitar no esconderijo do Altíssimo é também um convite a se aproximar d’Ele por meio do estudo e da oração.
Na Kaballah, este esconderijo está ligado à sefirá de Binah (entendimento), que representa a profunda introspecção necessária para se conectar ao Criador. O esconderijo é um estado de consciência em que a alma encontra repouso e segurança.
A imagem de Deus cobrindo Seus filhos com penas e asas remete à proteção oferecida pelo Shechinah, a presença divina. Esta linguagem também está presente na descrição da Arca da Aliança, cujos querubins estendiam suas asas como símbolo da proteção divina (Shemot/Êxodo 25:20).
O Talmud (Chagigah 15a) explica que as “asas” de Deus representam a Sua misericórdia. Na Kaballah, essas asas estão associadas às sefirot de Chesed (bondade) e Gevurah (rigor), equilibradas para garantir que a proteção divina seja justa e compassiva. Yeshua também usou a imagem das asas em Mateus 23:37, onde expressa o desejo de proteger Jerusalém como uma galinha protege seus pintinhos.
Este versículo reflete a confiança absoluta que o fiel pode ter na proteção divina. O Talmud (Berachot 60b) recomenda a recitação do Tehilim 91 antes de dormir como uma forma de afastar medos noturnos e garantir um descanso tranquilo. Esta prática está profundamente enraizada na tradição judaica.
Na Kaballah, o “terror da noite” está relacionado aos aspectos espirituais negativos que podem influenciar a alma. A recitação do salmo é vista como um escudo contra essas influências. Yeshua encorajou seus seguidores a viverem em confiança constante no Pai celestial, dizendo: “Não temais, porque o vosso Pai se agradou em dar-vos o Reino” (Lucas 12:32).
Este versículo reforça a proteção divina em meio às adversidades. O Talmud (Sanhedrin 94a) associa este versículo à fé de Israel durante situações de batalha, como na derrota dos exércitos de Senaqueribe.
Na Kaballah, este verso reflete o poder da proteção espiritual concedida por Deus através da harmonização das sefirot. A segurança é um resultado direto da confiança na soberania divina. Yeshua, em João 16:33, afirmou: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.”
Os anjos mencionados aqui simbolizam a intervenção divina. O Talmud (Berachot 54b) ensina que cada pessoa tem anjos designados para protegê-la em sua jornada. Na Kaballah, os anjos são considerados emanações das sefirot, servindo como mensageiros entre o Criador e a criação.
Durante sua tentação no deserto, Yeshua respondeu ao uso deste versículo pelo adversário (Mateus 4:6-7) com a confiança de que a verdadeira proteção divina está em viver de acordo com a vontade do Pai.
Conclusão
O Tehilim 91 é um poderoso lembrete da segurança e do refúgio encontrados sob as asas do Altíssimo. Sob a luz do Talmud, da Kaballah e dos ensinamentos de Yeshua, aprendemos que confiar no Eterno significa viver em Sua presença, buscar Sua proteção e descansar na certeza de Sua fidelidade.
Que este salmo nos inspire a habitar no esconderijo do Altíssimo e a confiar n’Ele em todas as situações da vida. Como está escrito: “Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio.”