Em conexão com a festa de Shemini Atsêret (o Oitavo Dia de Assembleia), nossos Sábios nos contam uma bela parábola:
Um rei certa vez promoveu uma grande festa e convidou príncipes e princesas a quem apreciava muito para seu palácio. Tendo passado vários dias juntos, os hóspedes prepararam-se para ir embora. Porém o rei lhes disse: “Peço-lhe, fiquem mais um dia comigo, é difícil ficar longe de vocês!”
Assim acontece conosco, nossos Sábios concluem a parábola. Passamos muitos dias felizes na sinagoga. D’us deseja nos ver por mais um dia na sinagoga, e por isso Ele nos concede uma festa adicional – Shemini Atsêret.
Em algumas congregações é costume fazer Hacafot (danças com a Torá) na noite de Shemini Atsêret, assim como na noite de Simchat Torá.
Ainda fazemos nossas refeições na sucá em Shemini Atsêret, embora sem a bênção Leshev Basucá.
Sucot é a Festa da Colheita quando a produção dos campos era colhida e o dízimo era separado, de acordo com o mandamento da Torá, e dado aos levitas e aos pobres. A leitura da Torá no Serviço Matinal de Shemini Atsêret fala do mandamento de dar o dízimo.
O serviço de Mussaf, Prece Adicional, é assinalado pela prece especial com pedidos para que haja chuva.
É prática em muitas comunidades – conduzir “hacafot” e dança com os Rolos de Torá também na véspera de Shemini Atsêret. Na prece de Mussaf começamos a inserir a frase “mashiv haruach umorid hageshem” (“quem faz o vento soprar e traz a chuva”) nas nossas preces diárias (como continuaremos a fazer durante o inverno, até o 1º dia de Pêssach).
Após Arvit, Prece Noturna, e o kidush, prece sobre o vinho, faz-se as Hacafot (danças com a Torá), recitando-se preces especiais e tirando-se da Arca todos os Rolos da Torá, que então passam a ser carregados ao redor da Bimá (mesa onde é colocada a Torá para a leitura) em sete voltas.
Todos recebem a honra de carregar a Torá. As crianças juntam-se também à celebração e diversão, e acompanham a “coreografia” ao redor da Bimá carregando bandeirolas de Simchat Torá.
As Hacafot são repetidas novamente durante o Serviço Matinal, com o mesmo grau de alegria.
Shemini Atzeret deveria ser a festividade mais celebrada do calendário judaico: pois apesar de não ter nenhum dos famosos rituais que marcam as outras datas judaicas, essa festa é caracterizada por dois temas, interligados, que são fundamentais para o judaísmo – o nosso íntimo relacionamento com D’us o nosso sentimento de grande alegria que tal intimidade deve evocar em nós.
Um dos princípios básicos da Torá – na realidade, um de seus mandamentos explícitos – é que devemos servir a D’us com alegria. O entendimento de que a Torá e seus mandamentos servem de interface entre o Infinito e o mundo finito que Ele criou deve infundir o serviço Divino praticado pelo Povo Judeu com um sentido de propósito e entusiasmo. Quando a pessoa percebe que ao realizar qualquer dos mandamentos Divinos ela se conecta com o Infinito e o Eterno, ela verá a Torá não como um peso, mas um privilégio. O mandamento que nos ordena servir a D’us com alegria não é uma imposição sobre nossa emoção, mas uma consequência inevitável da percepção do propósito supremo da Torá. Daí a razão de recitarmos todas as manhãs uma berachá agradecendo a D’us por nos ter escolhido dentre todos os povos do mundo para receber Sua Torá.
O mandamento de servir a D’us com alegria é, pois, um princípio fundamental e universal da Torá. É essencial a todas as datas sagradas do judaísmo e, especialmente, às festas de Sucot e Shemini Atzeret, chamadas de “Zman Simchatenu” – “época de nosso júbilo”. Mas, em questão de alegria, Shemini Atzeret até deveria ultrapassar Sucot. E a razão para tanto é que, como nos ensina o Talmud, em questão de santidade, sempre temos que ascender, jamais descender. Explicamos acima que no que concerne ao mandamento do júbilo, Shemini Atzeret é o oitavo dia de Sucot. Como Shemini Atzeret segue Sucot, e como em questões de santidade nunca diminuímos nem ficamos estacionários, mas sempre aumentamos, o mandamento de nos rejubilarmos se aplica ainda mais intensamente em Shemini Atzeret do que nos sete dias de Sucot que antecedem.