Shavuot

Em primeiro de Sivan, o primeiro dia do terceiro mês após o êxodo do Egito, os filhos de Israel chegaram ao deserto do Sinai e acamparam perto da montanha.

Durante as poucas semanas de viagem no deserto sob a proteção Divina, com milagres diários, tais como o maná e a codorna, o miraculoso adoçamento da água, a derrota de malec e a travessia do Mar Vermelho, o povo judeu havia se tornado mais e mais consciente de D’us.

Sua fé intensificava-se a cada dia, até que atingiram um padrão de santidade, solidariedade e unidade jamais conseguido antes ou depois por qualquer outra nação.

Moshê ascendeu ao Monte Sinai e D’us disse-lhe as seguintes palavras: “assim dirás à casa de Yaacov (isto é, às mulheres), e dirás aos filhos de Israel (isto é, aos homens):

‘‘Vocês viram aquilo que fiz aos egípcios e como eu os carreguei nas asas da águia e os trouxe até a Mim. agora, portanto, se ouvirem Minha voz e se mantiverem Minha aliança, serão Meu tesouro dentre todos os povos; pois toda a terra é Minha; e serão para Mim um reino de sacerdotes e uma nação sagrada’.”

Moshê voltou do Sinai, chamou os anciãos do povo e transmitiu-lhes todas essas palavras de D’us. 

Unanimemente, com uma voz e uma só mente, o povo respondeu: “Naasê Venishmá” – “Tudo que D’us falou, assim o faremos e entenderemos.” Dessa forma, aceitaram totalmente a orá, com todos os seus preceitos, sem ao menos pedir uma enumeração detalhada das obrigações e deveres que nela estavam envolvidos.

Quando Israel havia se prontificado a receber a Torá, D’us falou novamente a Moshê: “Vá até o povo, santifique-os hoje e amanhã, deixe que lavem suas vestes e estejam prontos no terceiro dia: pois no terceiro dia D’us virá à vista de todo o povo no Monte Sinai. Estabeleça limites para o povo, dizendo: ‘‘Prestem atenção: não subam ao Monte ou toquem a sua borda, pois aquele que o fizer morrerá.”

Alvorada do terceiro dia trouxe trovões e relâmpagos que encheram o ar. Pesadas nuvens pairavam sobre a montanha e os sons crescentes e constantes do shofar fizeram o povo estremecer com temor. Moshê levou os filhos de Israel para fora do acampamento e os colocou ao pé do Monte Sinai, que estava todo coberto por fumaça e trepidações, pois D’us tinha descido sobre ele, em fogo.

O toque do shofar intensificou–se, mas de repente todos os sons cessaram e seguiu-se um silêncio absoluto; então D’us proclamou os Dez Mandamentos desta forma:

  1. Eu sou o Senhor teu D’us, que te tirei da terra do Egito, da casa dos escravos.
  1. Não terás outros deuses diante de Mim. não farás para ti imagem de escultura, figura alguma do que há em cima, nos céus, e abaixo na terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles, nem os servirá, pois sou o terno, teu ’us, D’us zeloso, que visita a iniquidade dos pais aos filhos sobre terceiras e quartas gerações aos que me aborrecem; e mostrarei misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam Meus mandamentos.
  1. Não jurarás em nome do Eterno, teu D’us, em vão; porque não livrará o Eterno ao que jurar Seu nome em vão.

  2. Lembra-te do dia de Shabat para santificá-lo. Seis dias trabalharás, e farás toda tua obra. o sétimo é o Shabat do Eterno, teu D’us, e não farás nenhuma obra, tu, teu filho, tua filha, teu servo, tua serva, teu animal, e teu peregrino que estiver em tuas cidades; pois em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar, e tudo o que há neles, e repousou no sétimo dia; portanto, abençoou o Eterno o dia de Shabat e o santificou.
  1. Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem teus dias sobre a terra que o Eterno, teu D’us, te dá.

  2. Não matarás.

  3. Não cometerás adultério.
  1. Não furtarás.

  2. Não levantarás falso testemunho contra teu próximo.
  1. Não cobiçarás a casa de teu próximo; não cobiçarás a mulher de teu próximo, e seu servo, ou sua serva, e seu boi, e seu asno, e tudo que seja de teu próximo. 

 

Todo o povo ouviu as palavras de D’us, e todos ficaram assustados, imploraram a Moshê para ser o intermediário entre ’us e eles, pois se o próprio D’us continuasse a dar-lhes toda a Torá, certamente morreriam. Moshê disse-lhes para não terem medo, pois D’us revelara-Se a eles para que O temessem e não pecassem então D’us pediu a Moshê para subir a montanha, pois apenas ele era capaz de ficar na presença de D’us. Moshê receberia as duas tábuas contendo os Dez Mandamentos e a Torá completa para ensiná-los aos filhos de Israel.

Moshê subiu a montanha e lá permaneceu por quarenta dias e quarenta noites, sem comer ou dormir, pois havia se tornado semelhante a um anjo. Durante esse tempo, D’us revelou a Moshê toda a Torá, com todas as suas leis e suas interpretações.

Finalmente, D’us deu a Moshê as duas tábuas do testemunho, feitas de pedra, contendo os Dez Mandamentos, escritos pelo próprio D’us.

MADRUGADA DE ESTUDO 

É costume realizar uma vigília dedicada ao estudo da Torá, nas sinagogas, durante toda a noite. A Cabalá enfatiza a importância desse ritual, conhecido como Tikun Leil Shavuot. Uma explicação para a tradição é que o povo judeu não acordou cedo no dia em que D’us lhes outorgaria a Torá, tendo sido necessário que Ele Mesmo os despertasse. Como uma espécie de contrapartida ao fato, foi instituído o costume de se permanecer acordado desde a véspera, estudando a Torá.

Costuma -se fazer a leitura dos Dez Mandamentos . É da maior importância que os pais participem desse momento ao lado de seus filhos. Em algumas sinagogas (geralmente sefaradi) costuma-se ter momentos de louvores, nigunim e recitações de salmos para que todos da sinagoga participem e mantenham o  ânimo na madrugada de Shavuot.

Pela manhã, logo após o shacharit lê-se, nas sinagogas, o Livro de Ruth. 

Os sábios consideravam a história de Ruth – uma moabita que abraçou o judaísmo – apropriada para a data, não apenas por se passar durante a colheita, mas especialmente em razão de seus ensinamentos. Na célebre passagem bíblica, que se tornou símbolo de profunda devoção e fé, Ruth, após a morte do marido judeu, declara à sogra: “Teu povo será meu povo e teu D’us será meu D’us”. Ruth voltou a se casar e seu bisneto foi o rei David, que nasceu e faleceu durante Shavuot.

Enfeitar casas e sinagogas, nesta festa, com flores e folhagens. O Midrash ensina que quando a Torá foi entregue ao povo judeu, o Monte Sinai – uma montanha deserta e árida – viu-se subitamente coberto de flores, árvores e grama. As folhagens simbolizam, principalmente, o costume vigente na época do Templo Sagrado de se levar a Jerusalém as primícias, ou seja, os primeiros frutos colhidos dentre as sete espécies que caracterizam a Terra de Israel.

Outro costume é consumir, durante os dois dias, laticínios, já que a Torá é comparada ao leite. A palavra hebraica para leite é chalav. Quando se soma o valor numérico de cada uma das letras desta palavra chega-se ao total de quarenta. Quarenta é o número de dias que Moisés passou no Monte Sinai. Explica-se, também, que a Torá, fonte de vida para tudo, pode ser comparada ao leite que é sustento para o recém-nascido. Existem outras explicações para o costume. 

A partir da outorga da Torá, as leis da cashrut tornaram-se obrigatórias. No entanto, como a Torá foi entregue num Shabat, nenhum animal podia ser abatido e nem os utensílios casherizados; e a tradição manteve o costume.

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