QUEM FOI HILEL, O ANCIÃO?

Hilel, o Ancião ou o Babilônico (em hebraico: הלל) líder proto-rabínico, visto nas fontes rabínicas como sendo o pai fundador da casa de Hilel; viveu durante o reinado de Herodes, o Grande e foi uma figura central dos últimos tempos (período do Segundo Templo).

Nasceu na Babilônia , mudou-se para Jerusalém para estudar e como relatado no Talmud; que embora tivesse um irmão rico na Babilônia(Sotá 23a) decidiu viver como pobre,  ganhava a vida como lenhador, função que lhe permitia trabalhar apenas metade do dia deixando assim tempo para estudar .  Hilel não podia pagar as taxas  acadêmicas, por esse motivo decidiu-se pela abolição das taxas da acadêmia para todos os alunos. Estudioso respeitado em seu tempo, é à Hilel atribuído diversos ensinamentos da Mishná e do Talmud.

Certamente, Hilel foi uma das mais versáteis e influentes figuras do período do Segundo Templo. Recebeu o título honorário de “O Ancião” em razão da dupla condição de chefe do Conselho dos Anciões e Nassí do Sinédrio. A família de Hilel descendia indiretamente da Casa de David. Aos olhos das gerações que se seguiram, esta circunstância real elevou o status especial de seus filhos e descendentes. Em certo sentido, eram considerados representantes da monarquia judaica, mesmo em épocas de escravidão e opressão.

 

Sabemos que Hilel fez estudos básicos na Babilônia, onde já era considerado um erudito. Na terra de Israel tornou-se aluno dos dois mais destacados eruditos da época: Shemaiá e Avtalion. Parece que ambos reconheceram sua grandiosidade, embora haja dúvidas que outros tivessem a mesma opinião.

 A ascensão de Hilel para a fama e para a grandeza ocorreu anos depois, de repente, como resultado de um acontecimento raro, em que a véspera de Pêssach caiu num Shabat. Isso criou uma situação nova, para a qual, naquela época, não havia uma solução haláchica conhecida, e mesmo os principais cultos de então foram incapazes de resolver os problemas provocados por essa especial coincidência. Ficou claro que Hilel era a única pessoa com o conhecimento e a capacidade necessárias para achar uma solução haláchica. Numa atitude sem precedentes, os chefes do Sinédrio, da família Benê Batira, renunciaram ao posto, designando Hilel para seu lugar (Pessachim 66a; TJ ibid., 6:1). Por esta razão, os Benê Batira estão entre as personalidades de fato humildes da história judaica, pessoas que renunciaram à sua posição e status em benefício de quem lhes parecia ser mais adequado à função.

Os “Sete Princípios” do Midrash Halachá que Hilel ensinou aos Benê Batira (tossefta pessachim 7:11) também constituem a base dos treze princípios da exposição talmúdica das escrituras, formulados mais tarde pelo Rabi Ismael .

No entanto, além do campo do estudo e aprendizado, o impacto maior de Hilel é mais evidente nas mudanças de longo alcance que introduziu na vida pública da nação judaica. Ele criou um status especial para o Nassí do Sinédrio, usufruído por seus descendentes por mais de quatrocentos anos – uma das mais longevas dinastias jamais conhecidas na história das nações.

Os ensinamentos de Hillel em Pirkei Avot enfatizam a importância da autoestima, da responsabilidade comunitária e da urgência da ação. Este tratado da Mishná apresenta ensinamentos éticos e máximas dos rabinos, tradicionalmente estudados nas tardes de Shabat nos meses de verão. O rabino Yisrael Meir Kagan, em sua obra ética Shemirat HaLashon, cita a conhecida máxima de Hillel de Pirkei Avot: “Se eu não for por mim mesmo, quem será por mim?” Isso destaca o princípio de tomar iniciativa e responsabilidade no próprio crescimento e ações.

Hilel foi famoso por amar a humanidade, e mais ainda porque considerava a singularidade de toda pessoa que encontrava e a capacidade de se dirigir a quem se aproximava dele da maneira a mais apropriada para Uma expressão interessante dessa conduta ideal foi a tentativa de resumir a Torá enquanto “apoiado numa perna só”: “Não faça aos outros o que não quiser que façam a você.” Esta formulação em forma de negação da passagem bíblica “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Levítico 19:18), expressa da forma mais adequada possível a noção de que cada um de nós tem qualidades únicas e, portanto, não se pode julgar os outros pelos mesmos critérios com que se julga a si próprio.

 

A vida de Hilel foi cheia de bruscas transições. Veio de uma família nobre na Babilônia para a Terra de Israel, onde primeiro viveu na pobreza, para depois se tornar o governante e líder de Israel. Essas mudanças de status e de lugar, de um mundo para outro, formaram a complexa abordagem de Hilel do mundo ao seu redor. Ele misturava uma linguagem elevada a simples provérbios populares, histórias extraídas da vida, e descrições da realidade cotidiana. Ao conceber e estabelecer o status dos sábios da Torá, se criou uma nova aristocracia também foi o primeiro a tentar romper os muros do bet midrash, tornando-o mais aberto e acessível a todos. 

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