Pêssach Shení – O Segundo Pêssach

Pêssach Shení (Segundo Pêssach) é uma data mencionada diretamente na Torá, no livro de Bamidbar (Números) 9:1–14. Durante o segundo ano da saída do Egito, algumas pessoas estavam impuras ritualmente por contato com cadáveres e, por isso, foram impedidas de oferecer o sacrifício de Pêssach no tempo certo, no dia 14 de Nissan. Elas se aproximaram de Moshé e Aharon perguntando:

“Por que haveríamos de ser privados de oferecer o sacrifício de D’us no seu tempo, entre os filhos de Israel?” (Números 9:7)

D’us então responde a Moshé que aqueles que estavam impuros ou distantes poderiam ter uma nova oportunidade, exatamente um mês depois, em 14 de Iyar — o Pêssach Shení.

Embora hoje não possuímos o Beit HaMikdash (Templo), e portanto não podemos oferecer o Korban Pessach (sacrifício pascal), alguns costumes são preservados em memória dessa data especial:

  1. Comer Matzá

É costume comer matzá simples (pão ázimo) durante a refeição de 14 de Iyar, em lembrança ao Korban que era comido com matzá e maror.

  1. Sem Tachanun

O Tachanun (oração de súplica) é omitido nas tefilot (orações diárias) de 14 de Iyar, como sinal de alegria e celebração.

  1. Alguns fazem uma pequena refeição festiva

Em certas comunidades, é costume fazer uma refeição leve com palavras de Torá, especialmente se o foco for a lembrança do Pêssach Shení e seu ensinamento.

O principal ensinamento de Pêssach Shení é que nunca é tarde demais. Mesmo quem estava impuro, ou longe, ou ausente — tem uma segunda oportunidade de se conectar com o propósito divino.

A Cabalá ensina que esse dia representa o poder do arrependimento e do retorno (teshuvá) em seu nível mais elevado: aquele que transforma até mesmo uma falta em mérito, porque provoca crescimento.

Há dois tipos de pessoas que não participaram do Pêssach original:

Quem estava impuro – contaminado pelo contato com a morte.

Quem estava distante – em viagem, longe do Mishkan.

Ambos são símbolos da alma humana:

Às vezes, a pessoa está impura espiritualmente, dominada por influências negativas.

Outras vezes, ela apenas se afastou, perdeu o tempo e a sintonia.

Em ambos os casos, D’us oferece uma ponte de volta.

Alguns mestres explicam que o Pêssach Shení tem um paralelo com o resgate final, pois o primeiro Pêssach representa a libertação do Egito, mas o segundo representa a libertação mesmo daqueles que “perderam o tempo”.

No nível místico, 14 de Iyar é um dia propício para orações de reparação e reconexão. É um tempo de lembrar que, por mais afastado que alguém esteja, sempre existe uma nova chance — dada por D’us, com amor e abertura. Pêssach Shení não é apenas um detalhe técnico da Torá. É uma mensagem poderosa:

“Nunca estamos completamente fora. Há sempre uma porta aberta, mesmo depois que parecia tarde demais.”

Neste dia, cada um pode refletir: O que eu deixei passar? O que posso consertar? 

Onde posso recomeçar?

E D’us, com misericórdia infinita, nos responde com um sorriso:

“Venha. Ainda é tempo.”

                                                                                (Talmud Bavli, Pesachim 93a–95a/ Bamidbar 9)

(D’vorah Anavá)

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