PARASHÁ

VAYETZEI

ויצא

E Saiu

Gênesis 28:10-32:3

1: Gn 28:10 – 28:22

2: Gn 29:1 – 29:17

3: Gn 29:18 – 30:13

4: Gn 30:14 – 30:27

5: Gn 30:28 – 31:16

6: Gn 31:17 – 31:42

7: Gn 31:43 – 32:3

Estudo

Haftará: Oséias 12:13-14:10

Brit Chadashá: João 1:43-51

Mishná Yoma: Bava Basra 6:3-4 a 8:3-4

Segundas e Quintas:

10 p’sukim
10 p’sukim
18 p’sukim

RESUMO

Parashá Vayetzei

Gênesis 28:10-32:3

A caminho de Charan, em Beit-El, Yaacov sonha com uma escada com anjos subindo e descendo, e HaShem reafirma a ele a promessa de proteção feita a Avraham e Yitschac. Yaacov encontra Rachel no poço perto de Charan. Yaacov acerta com Lavan trabalhar sete anos em troca de Rachel, mas este lhe dá Leah. Yaacov trabalha  mais sete anos por Rachel- Nascem Reuven, Shimon, Levi, Yehudah, Dan, Naftali, Gad, Asher, Issachar, Zevulun e Dinah. Rachel dá a luz Youssef. Após vinte anos con Lavan, Yaacov sai e ruma de volta para Eretz Israel.

Lição Prática

No voto de Yaacov está todo o significado da sua vida:  “Se D’us estiver comigo e me proteger nesta jornada que estou fazendo e me fornecer pão para comer e roupas para vestir, e se eu voltar para a casa de meu pai em paz, então D’us será meu D’us,  e esta pedra que coloquei como monumento será a Casa de D’us…” (Gênesis 28:20) Sua jornada é de Be’er Sheva a Haran, da fonte de todas as almas para este mundo formidável. No entanto, você nunca sai verdadeiramente do seu lugar; D’us está sempre com você, protegendo sua alma. Ele fornece pão para você – a sabedoria da Torá que você digere e assimila neste mundo.

Ele fornece a você roupas – as mitsvot nas quais você investe todo o seu ser. Para que, de ambas as maneiras, você traga a luz Dele para brilhar em lugares onde nunca brilhou antes. Mas sua missão principal é retornar em paz. Nos caminhos divinos da Torá e mitsvot, a paz já reina. Para retornar em paz, você deve primeiro entrar no campo de batalha do caos.

Você deve entrar como apenas mais um ser humano na sociedade, imerso na turbulência interna, nos desejos, ânsias, pressões, fardos, paixões, ansiedades, medos, no barulho e confusão. – e então voltar para a paz interior enquanto permanece no mundo, trazendo tudo de volta à unidade, recriando neste mundo a harmonia daquele lugar profundo em sua alma que permanece acima. “Em todos os seus caminhos”, escreveu Salomão, o Sábio, “conheça-o”.  Em suas maneiras – as maneiras pelas quais seus instintos biológicos e humanos o conduzem nesta terra – comendo, procriando, construindo um lar, forjando uma fonte de renda para sua família – não se abstendo deles, não fugindo deles, mas injetando-os com o senso de propósito divino de sua alma, tornando-os, também, uma forma de conhecer D’us – lá você criará uma paz duradoura, transformando este mundo de dentro para fora. Até que até o asfalto terrestre sobre o qual seu carro dirige para o trabalho e o prédio arranha-céu em que seu escritório reside clamarão: “Nós também somos um lugar para a Luz Infinita habitar!”

“… e esta pedra que coloquei como monumento será a Casa de D’us.”

 
Autor – Rav. Yehoshua Sh’lomoh

 

 


 “A ESCADA É IGUAL AO SINAI …”

A caminho de Haran, fugindo da ira de seu irmão gêmeo, Esav, Yaacov parou para descansar e teve seu famoso sonho: ele viu uma escada fixada ao solo, cujo topo alcançava os céus, com anjos de D’us subindo e descendo. Curiosamente, o Baal Haturim comenta que a palavra hebraica para escada, סלם (sulam), tem o mesmo valor numérico (130) que a palavra hebraica סיני (Sinai) . Qual é a conexão entre a escada do sonho de Yaacov e o Monte Sinai? Rabino Moshe Avigdor Amiel, que atuou como rabino-chefe de Tel Aviv durante 10 anos até seu falecimento em 1946, explica que a parte da escada encravada na terra simboliza Avraham, que representa a bondade. A bondade e a compaixão de Avraham se expressaram principalmente em sua hospitalidade — em coisas materiais e terrenas como alimentar, nutrir e receber com hospitalidade as pessoas. Avraham era o modelo de chessed — bondade e compaixão.

O topo da escada, que chegava aos céus, simboliza Yitschac. Ele era aquela alma celestial que quase foi sacrificada no altar e, assim, tornou-se o símbolo eterno da avodá — serviço espiritual e compromisso fiel a D’us. Yaacov representa a Torá. Ele é descrito como Yoshev ohel, o estudioso que trabalha na tenda do estudo da Torá. A Torá une chessed e avodá, fundindo dois opostos, como o céu e a terra. E assim, temos sulam , a escada de Yaacov, numericamente igual ao Sinai. A escada, como o Sinai, caracteriza aquilo que está firmemente enraizado na terra, mas pode alcançar os céus.

Onde vemos que o Sinai também simboliza a ideia de preencher a lacuna entre o céu e a terra? O processo de unir o céu e a terra começou com a experiência do Sinai. Avraham pode ter sido o primeiro judeu histórico, mas não foi o primeiro judeu haláchico. Isso só aconteceu com Moshê e sua geração quando receberam a Torá no Monte Sinai. Foi quando nosso povo recebeu o mandato de guardar a Torá e seus mandamentos.

Embora Avraham, Yitschac e Yaacov, e todas as gerações anteriores ao Êxodo e à experiência do Sinai, possam ter cumprido a Torá antes mesmo dela ter sido outorgada, era algo opcional naquele ponto, com base em sua própria visão profética do que a Torá ensinaria. D’us ainda não os havia ordenado a guardá-la. Até o Sinai, o céu era o domínio de D’us, a terra era o domínio da humanidade e “os dois nunca hão de se encontrar”. Como resultado, as mitsvot realizadas pelas gerações pré-Sinai não tinham a capacidade de transformar a matéria com as quais eram realizadas.

Mas depois que “D’us desceu sobre o Monte Sinai,” e o mortal Moshê ascendeu à montanha, céu e a terra não eram mais intransponíveis. Desde então, os humanos podem aspirar mais alto e podem de fato mudar e santificar o mundo, consagrar o material e tornar a palavra física espiritual e sagrada.

Assim, como escreve o Baal Haturim, Sulam, a escada, é igual ao Sinai, o momento em que o céu e a terra se encontram. Estamos condenados a viver nossas vidas no materialismo vazio de um mundo oco e plástico? A única maneira de escapar da grosseria do mundo material é fugir para mosteiros reclusos ou para as montanhas do Tibete?

Para isso, a Torá diz um enfático “Não!” Desde o Sinai, recebemos o poder de introduzir a espiritualidade em nossas circunstâncias materiais. Não precisamos fugir para lugar nenhum. Devemos nos envolver com nosso mundo material, lidar com ele de frente e, de fato, transformá-lo em algo sagrado.

Aqui está um exemplo simples : O dinheiro é certamente a coisa mais material de todas. Que símbolo, mais do que o R$ , caracteriza o materialismo? Mas quando doamos nosso dinheiro suado para os pobres e outras causas dignas, transformamos o material em algo significativo, com propósito e, sim, até sagrado.

É assim que cumprimos o propósito de D’ us ao criar o mundo. “No princípio, D’us criou o céu e a terra.” O mesmo Criador que fez os céus também fez a terra e tudo nela. O céu e a terra, o espiritual e o material, não são opostos inacessíveis e inalcançáveis. São dois lados da mesma moeda. Não devemos rejeitar o físico, nem devemos sucumbir às suas atrações vazias. Em vez disso, devemos usá-lo de maneira positiva e significativa, elevando-o assim ao seu potencial como algo criado por D’us para um propósito maior.

Quando o fizermos, por mais físicos e finitos que sejamos, podemos subir a escada de D’us e ascender aos próprios céus.

(Rabino Yossi Goldman)