Pardes (פרדס) é uma sigla mnemônica que representa os quatro níveis de interpretação da Torah:
O “entrar no Pardes” refere-se a uma imersão espiritual profunda nos segredos da Criação, nos mistérios do mundo superior e na presença divina.
A história aparece no Talmud Bavli, Chaguigá 14b–15b, e também em outros textos rabínicos. Os quatro rabinos são:
“Olhou e morreu.”
Ben Azzai teve uma experiência espiritual tão intensa e sublime que sua alma se separou do corpo, como se tivesse “se queimado” pelo contato com a luz divina sem os devidos limites.
Ele representa o perigo de buscar o Divino sem preparo emocional ou físico adequado.
“Olhou e ficou perturbado.”
Ben Zoma saiu do Pardes confuso, mentalmente abalado. A profundidade do que viu desorganizou sua mente, e ele perdeu o equilíbrio.
Representa o risco de alcançar revelações sem estrutura psicológica e equilíbrio para sustentá-las.
“Cortou as raízes.”
Ele saiu do Pardes e se afastou completamente da fé, tornando-se um herege. Por isso passou a ser chamado apenas de “Acher” — “O Outro”. O que viu o fez rejeitar a autoridade divina, segundo algumas interpretações.
Ele representa o risco de usar a sabedoria espiritual para alimentar o ego ou questionar o fundamento da emuná (fé).
“Entrou em paz e saiu em paz.”
Rabi Akiva foi o único que entrou no Pardes, compreendeu o que viu e saiu em paz, preservando sua fé, sua sanidade e sua conexão com D’us.
Ele é o modelo do equilíbrio entre devoção, preparo, pureza, humildade e profundidade de estudo.
A narrativa dos quatro que entraram no Pardes é uma advertência espiritual:
Hoje, muitos desejam mergulhar nos segredos da Cabala e das dimensões espirituais. A tradição judaica, no entanto, coloca limites e caminhos seguros para isso:
Estudar Torah com profundidade primeiro – Quem não conhece o Pshat, a Halachá e os fundamentos da Emuná, não deve correr atrás do Sod.
Buscar mestres confiáveis e piedosos – A Cabalá não é uma aventura intelectual, é um caminho espiritual que exige pureza e orientação.
Cultivar humildade.- Quem entra para “dominar os segredos” já começa como Acher. Quem entra para servir a D’us com mais verdade, como Rabi Akiva, sai em paz.
A história dos quatro que entraram no Pardes continua viva em cada geração. Ela nos lembra que conhecimento sem limites pode cegar, que fogo espiritual exige preparo, e que a verdadeira sabedoria é aquela que nos transforma em pessoas mais conectadas, humildes e comprometidas com a verdade divina.
O QUE SIGNIFICA “ENTRAR EM PAZ”?
“Entrar em paz” significa acessar o mundo espiritual com humildade, pureza e reverência. Não como quem deseja controlar ou “possuir” o conhecimento místico, mas como um servo que deseja se anular diante da grandeza divina.
Rabi Akiva se aproximou do Pardes (os segredos místicos) com temor e equilíbrio. Ele não buscava glória pessoal, não se deixava levar pelo ego, e já havia sido profundamente formado na Torah revelada e na Halachá. Ele não buscava os segredos para se exaltar, mas para servir melhor a D’us.
A Kabalá diz que aquele que entra nos mistérios sem as “vestes adequadas” (humildade, pureza e retidão) corre o risco de se queimar — como aconteceu com os outros três.
E O QUE É “SAIR EM PAZ”?
“Sair em paz” significa que ele voltou com a mente clara, o coração alinhado e a fé ainda mais forte. Ele não se confundiu, não caiu em heresia, não se perdeu nos paradoxos da realidade espiritual. Ao contrário, ele entendeu, integrou e saiu fortalecido.
Rabi Akiva foi o único que trouxe luz para o mundo real a partir do Pardes, sem se desconectar dele.
O Zohar (Parashat Acharei Mot, Zohar III 73a) descreve Rabi Akiva como um dos maiores mestres do Sod, capaz de entrar nas câmaras celestiais e compreender a estrutura dos mundos superiores.
O Arizal (Rabi Yitzchak Luria) também ensina que a alma de Rabi Akiva tinha origem elevada e por isso ele era capaz de tocar o infinito e permanecer inteiro.
QUAL ERA O SEGREDO DE RABI AKIVA?
Algumas respostas possíveis:
Rabi Akiva nos ensina que buscar o espiritual não é errado — mas é perigoso quando não há base, humildade e preparação. A geração atual tem sede de mística, de experiências, de transcendência. Mas:
Sem paz interior, sem estrutura de fé, sem preparo na Torah revelada, o Sod pode se tornar destrutivo.
A verdadeira espiritualidade começa com paz e termina com paz. E paz, no judaísmo, vem de equilíbrio, disciplina, humildade e confiança.
Que possamos entrar com reverência e sair com luz, como Rabi Akiva.
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