Lag BaOmer é o 33º dia da contagem do Ômer, uma jornada espiritual de 49 dias que liga Pessach (libertação física) a Shavuot (recebimento da Torá). É um dia especial que rompe o luto que marca esse período e se torna um momento de alegria, luz e conexão mística.

Lag (ל”ג) é a guematria de 33 (ל = 30, ג = 3).

BaOmer = “do Ômer”, a contagem prescrita em Vayikrá 23:15.

Portanto, Lag BaOmer é o 33º dia da contagem do Ômer, tradicionalmente entre o final de abril e meados de maio.

A principal razão para a celebração de Lag BaOmer é a partida de Rabi Shimon bar Yochai (Rashbi) — um dos maiores mestres da Torá mística. Segundo a tradição (Zohar, Idra Zuta), ele revelou segredos profundos da Cabalá justamente no dia de sua morte e pediu que esse dia fosse celebrado com alegria.

“No dia em que Rabi Shimon partiu deste mundo… a casa se encheu de fogo, e ele revelou os segredos do mundo superior.” (Zohar, Idra Zuta)

Rashbi é o autor do Zohar, a principal obra da Cabalá, e representa a ponte entre a Torá revelada e a Torá oculta.

Durante a contagem do Ômer, observamos dias de luto em memória aos 24 mil alunos de Rabi Akiva que morreram por causa da falta de respeito mútuo (Talmud Bavli, Yevamot 62b). Segundo a tradição, a praga cessou em Lag BaOmer, motivo pelo qual o dia se torna de alívio e alegria.

Como comemoramos Lag BaOmer?

Acendimento de fogueiras: as fogueiras são o símbolo mais marcante da data. Elas representam:

A luz da Torá mística de Rabi Shimon.

A alma do justo, comparada a uma chama (cf. Mishlei 20:27).

A revelação espiritual que ele deixou ao mundo.

Em Meron, no norte de Israel — onde está o túmulo de Rashbi — centenas de milhares de judeus se reúnem todos os anos para dançar, cantar e acender a grande fogueira em sua memória.

Crianças (e adultos) brincam de arco e flecha, simbolizando:

O tempo de Rashbi, em que o Midrash afirma que nenhum arco-celeste apareceu porque sua geração era tão justa que não precisava de lembretes do pacto de Noé (ver Bereshit Rabbah 35:2).  E a  ideia cabalística de elevar orações como flechas de luz rumo aos céus.

 Também é comum tocar músicas alegres com letras de emuná e espiritualidade; estudar o Zohar ou trechos da Torá do Rashbi, especialmente a seção da Idra Zuta (trecho da parashat Haazinu).

Lag BaOmer representa o equilíbrio entre Guevurá (rigor) e Chessed (misericórdia) na contagem do Ômer. A data marca um momento de luz mística que rompe com o luto, ensinando que mesmo nas fases mais difíceis do processo espiritual, existe um ponto de revelação e reconexão com a alma.

É um convite a: 

Superar disputas e desunião, como os alunos de Rabi Akiva não fizeram.

Estudar a sabedoria oculta, como Rashbi nos ensinou.

Iluminar o mundo com nossas ações, como a chama de uma fogueira sagrada.                  

(D’vorah Anavá)