Cego a pessoa a descuidar-se no cumprimento das mitsvot. Ela diz: “Qual a A inclinação malévola nunca desiste de suas tentativas de persuadir em praticar atos de bondade e benevolência (e, igualmente, a seriedade necessidade de você conhecer a grandiosidade de sua responsabilidade do crime da calúnia e da fofoca)? Não é melhor ignorar, para que você esteja, assim, incluído na categoria de um pecador acidental em vez de um transgressor intencional?”
Ouvi, certa vez, uma resposta a este argumento, vinda de um dos maiores eruditos. Explicava ele que isto pode ser comparado a um homem que imagina que, se mantiver os seus olhos fechados, não poderá ser culpado se tropeçar e cair.
Ele ilustra isto com a seguinte parábola:
Um homem, que estava prestes a partir em viagem, foi aconselhado a evitar uma certa estrada, pois ela estava bastante precária e toda esburacada. Respondendo àqueles que o advertiram, disse: “Eu tenho uma estratégia para tratar deste problema. Por favor, me dêem um cachecol”. Quando os seus amigos lhe perguntaram como poderia um cachecol ajudar, ele respondeu: “Eu o usarei para cobrir os meus olhos; assim, ninguém poderá me criticar se eu cair nos buracos, pois, estando de olhos vendados, eu não podia ter evitado o acidente!”
O plano apresentado pelo viajante foi recebido com gargalhadas: “Você é um doido! Você será ridicularizado exatamente por ter vendado os seus olhos, quando poderia – e deveria tê-los usado para desviar-se das armadilhas!”
Assim, também, o yêtser hará aconselha a pessoa para andar por aí com os olhos vendados, fazendo com que não se aperceba de suas obrigações com a Torá. Isto se aplica a muitos mandamentos, os quais, em nossos dias, infelizmente têm sido deixados de lado. A pessoa pensa que será capaz de desculpar-se ao alegar: “Eu não sabia de minhas obrigações, pois eu estava de olhos vendados!” Na verdade, isto apenas piorará a sua situação, pois ela será responsabilizada por ter vendado os seus olhos.
Quando os Sábios disseram que é melhor que as pessoas continuem ignorantes da lei, para não se tornarem pecadores intencionais, eles se referiam apenas à obrigação de um observador de repreender aquele que estivesse, involuntariamente, cometendo uma transgressão. Mesmo então, o princípio se aplica somente às leis que não constam, explicitamente, nas Escrituras (Orach Chaim 608:2).
No entanto, com referência à responsabilidade individual que a pessoa tem de saber quais são as suas obrigações da Torá, não lhe é permitido permanecer, propositadamente, alheia ou ignorante. Ao contrário, os Sábios dizem em Baba Metsia(33b): “Um procedimento descuidado (devido a uma evitável ignorância) é considerado um crime intencional”.
(Ahavat Chessed, Parte II, cap. 9)