É impossível manter um casamento saudável se não houver admiração de uma parte para com a outra. Mas essa admiração não virá quando nosso cônjuge atender às nossas expectativas. O caminho inverso é o verdadeiro. Devemos adequar as nossas expectativas à realidade do nosso cônjuge, e procurar motivos já existentes para admirá-lo. Devemos procurar pontos positivos e pensar muito sobre eles até nos acostumarmos a focar nesses aspectos, e não naqueles que reprovamos.
Também no que se refere à religião, procure focar no que ela tem de admirável, mesmo que não concorde. Lembre-se que as escolhas que seu cônjuge fez não seguiram pelo caminho mais fácil. Seguir a Torá não é fácil, demanda muita dedicação. Ele (a) lutou para chegar aonde chegou em termos religiosos. Não se trata de uma pessoa acomodada, afinal, ele (a) não come qualquer coisa, tem obrigações, por vezes muito difíceis, procura investir no seu intelecto pelo estudo de Torá, entre outros. Está claro que não se trata de uma pessoa perfeita, mas sim, com qualidades valiosas e é importante você estar consciente disso. Mesmo que você não concorde com as qualidades descritas acima, ainda assim, tente buscá-las no seu cônjuge, pois, com certeza, ele as tem, e tente focar nelas com frequência. Não perca a admiração por ele (a).
Podemos dizer que o primeiro passo na resolução de problemas de diferenças religiosas é a aceitação , de todo coração, da condição do outro. Tente aceitar que seu cônjuge é uma pessoa apegada à Torá. Não queira mudar isto.
Religião é algo ligado à essência mais profunda de uma pessoa, e colocar esta tendência em dúvida fará com que ela sinta sua própria essência ameaçada, fortalecendo os efeitos colaterais negativos, como se fechar em seu próprio mundo. Por outro lado, reafirmar esta característica nessa pessoa, fará com que ela se sinta mais segura de se abrir para o mundo.
Muitas vezes receamos que ao “darmos corda” para alguém ficar mais religioso elogiando a sua dedicação, essa pessoa se “afundará” ainda mais em seu mundo e perderá de vez o interesse nos demais assuntos da vida. Mas a verdade é contrária. Na verdade, pedir para o religioso deixar sua religião de lado por estar atrapalhando o resto da família, é praticamente pedir que ele deixe de existir. Uma pessoa não é religiosa porque a religião é agradável e pode ser substituída por outros tipos de prazeres. Uma pessoa é religiosa porque a religião deu sentido à sua vida e, sem a religião, sua vida perde o sentido. Tentar tirar a religião de alguém pode desestabilizar muito fortemente a e ela perderá a motivação para qualquer assunto da vida. A religião se traduz como as pernas da pessoa religiosa. Com as pernas firmes, ela pode andar para qualquer lugar, para o trabalho, para a diversão, para a família. Mas sem as pernas essa pessoa não poderá caminhar para lugar algum e poderá se sentir totalmente desmotivada em relação a tudo.
É muito importante lembrar que cada ser humano tem vontades que não são negociáveis, e insistir contra essas vontades é apenas gerar estresse desnecessário. Você conseguiria convencer sua vizinha a tirar o filho dela de casa por ele não parar de chorar a noite atrapalhando seu sono? Isto não é negociável; é igual a debater com uma parede. Na maioria dos casos,
É necessário saber que religião não é uma coisa que se negocia. É uma coisa que se pede para baixar um pouco o nível de rigor para a pessoa ficar mais próxima de nós, para compartilhar conosco suas experiências, para achar soluções que agradem aos dois, mas nunca para tentar fazer o outro desistir.
Finalmente, e talvez este seja o maior de todos os conselhos: ceda no ponto crítico, naquilo que mais importa para o seu cônjuge. Se você ver que são determinadas mitzvot, tente ceder, tente não ir contra, e até cumprir essas mitzvot, mesmo que você não acredite nelas.
Você verá que o casamento começará a fluir melhor por ter tirado dele (a) a maior de todas as suas preocupações; que, a partir de então, todas as suas conquistas começarão a acontecer muito mais facilmente. Com certeza, seu objetivo de vida não é ser contra a religião em casa, mas sim diminuir os seus efeitos colaterais negativos. Então, ceda nesse lado para que seja muito mais fácil conquistar seus verdadeiros sonhos.
Mesmo que você não acredite que valha a pena se esforçar pela Torá, esforce-se em progredir no cumprimento daquelas mitzvot mais importantes para ele (a), em nome do fortalecimento do amor dentro da sua casa. Por exemplo, pode ser que alguma coisa fácil para você, como vestir-se bem no dia do Shabat ou ficar sentado (a) à mesa do Shabat por um tempo mais longo que o habitual, ou colocar uma roupa recatada em ocasiões religiosas, já possa satisfazer muito aos anseios dele (a).
Muitas vezes aceitamos mudanças com mais facilidade quando as vemos na casa daqueles artistas , ou influencer digital que seguimos nas redes sociais. Na nossa mente é muito mais fácil aceitar a diferença religiosa de uma influencer muçulmana ou de um cantor que aderiu aos ensinos da cabala e até mesmo do Dj que segue costumes indígenas fazendo uso de medicinas naturais; do que aceitar dentro na nossa casa a religiosidade do nosso parceiro ou vice-versa; afinal de contas lá na casa dos outros não temos que abrir mão de nada e nem nos sentimos ameaçados como se tivesse tirando de nos nosso livre arbítrio.
Nos sentimos intimidados e coagidos quando a religião está dentro do nosso lar , como se fossemos obrigados a seguir a mesma direção ou até mesmo coniventes com os costumes de outra religião (no caso de uma família terem pessoas de religiões diferentes), mas a verdade é que essa ameaça é apenas ao nosso ego inflado que acha que devemos manter tudo de acordo com o que queremos. Se observarmos os benefícios e evolução que a Torá está fazendo para nosso companheiro teremos menos medo e sermos mais gratos.
Confie , essa é a chave para o sucesso no seu casamento , demonstra confiança na decisão do seu cônjuge e fortaleça seu relacionamento , reconheça que as mudanças que vieram após ele (a) aceitarem o jugo da Torá tem sido benéfico para o todo e que admira a decisão que ele (a) tomou , quando houver algo que não concorda ou te incomoda converse , diga que não é contra a Torá e sim quem entender melhor para que ambos possam ter uma vida em paz e harmonia, e por isso está expondo seu ponto de vista para que o aspecto da vida de vocês possa para benefício mútuo.
É ideal que o casal tenha ideias e focos parecidos para que possam conviver juntos , não é obrigatório que sejam ambos religiosos (se ambos estão dispostos a fazer sacrifícios e serem brandos para que sejam felizes ), claro que de acordo com os costumes religiosos é fundamental um casal ter vivência na mesma fé , porém a harmonia pode prevalecer quando o não é um fato; cada casal é um caso por isso procure sempre a orientação do Rabino da sua comunidade de acordo com os costumes que sua comunidade segue , seja ela Sefaradim ou Ashkenazim.