Nós sabemos que existem coisas que não dependem de nós apenas, que por mais que façamos nossa parte ainda depende de uma outra parte envolvida ou até mesmo D’us querer colaborar com ambas as  partes. Compreender isso, que  não depende somente de nós , faz com que pelo menos aceitemos que existe algum motivo, mesmo que somente D’us o conheça; tentar mudar o jeito das pessoas sem tentar aceitá-lás não é o caminho certo .

E é exatamente isso que  a maioria dos pais tentam fazer com seus filhos , antes mesmo de conhecer seus sonhos e aspirações tentam mudá-los ou implantar  neles sonhos que não são os seus. Por mais que filhos sejam um “produto em conjunto” (D’us, o marido e mulher) devemos entender que eles podem ser uma pequena extensão do casal mas não seus clones nem suas marionetes. Óbvio que uma criança depende dos cuidados e investimentos dos pais , e que sempre querem o melhor e melhores projetos para seus filhos , porém devem entender que eles só podem investir nesses pequenos projetos se souberem identificar suas personalidades e características únicas, pois essas já vem lá do alto, designado pelos céus , e saber isso desde cedo poupa muitas frustrações paternas e maternas.

Devemos lembrar antes de tudo que a educação das crianças por mais que estejam nas mãos dos pais , existem obstáculos fora de casa , más influências e tentações, o que determina em muito o sucesso na vida espiritual das crianças e também no quanto a família terá sucesso ao influenciá-la positivamente. Se os pais acertarem isso terão uma grande possibilidade de sucesso no que diz respeito à espiritualidade dos filhos.

 Assim como todo adulto tem ou busca um lugar seguro , onde pode relaxar e se sentir bem em expressar suas emoções – “como chegar em casa após um dia cansativo de trabalho e  poder jogar os sapatos logo ao entrar , por a mala de serviço na mesa e usar aquela roupa surrada, sem que ninguém o critique” assim os pais têm que permitir que seus lares sejam um lugar onde seus filhos possam se expressar num dia de frustração e os pais podem ser seus bons ouvintes antes de serem seus piores críticos.

A missão principal da família é acolher seus filhos compreender suas diferentes personalidade e ainda assim poder integrá- los aos costumes judaicos com amor, exemplo pessoal, sem pressão e usando uma linguagem de acordo com a capacidade de cada filho ou filha. Ainda que percebam que há um desinteresse de alguma das crianças a respeito da religião e conceitos judaicos pode haver sucesso se os pais identificarem a maneira correta de conscientizar o judaísmo  aos filhos. Uns são ligados às festas e presentes , outros pelas histórias dos tzadikim , outros pelos costumes da sinagoga, de certa forma se os pais  usarem  a abordagem certa obterão  sucesso.

É importante que os pais deem aos filhos uma direção e apoio mesmo que estes não queiram seguir totalmente uma vida religiosa ou não demonstra interesse espiritual, para combinar sua vida social com o crescimento intelectual e religioso , buscando uma abordagem que nunca o pressione totalmente mas sempre instigue nele a curiosidade e principalmente o respeito pelos conceitos da fé mesmo que ainda ele não o viva na plenitude da emunah. A missão maior dos pais é pavimentar o caminho, para que os filhos possam trilhar com segurança e saber como agir; do mesmo jeito que o Eterno faz conosco.

Devemos aprender de D’us! Mesmo sendo o criador do universo e mantenedor de tudo o que existe, após criar o homem Ele o ensina o’que é correto, deixar suas palavras para pavimentar o caminho e não nos permitir esquecer seus bons conselhos, porém, Ele vai até aí! Depois disso ele deixa que seu filho trilhe seu caminho, e decida  por si mesmo; claro que como um pai que quando vê seu filho em perigo ou em caminhos tortuosos tem aquele aviso “cuidado, não faça assim…” porém a decisão é do filho, e suas consequências também são para que ele aprenda sempre a lembrar do caminho certo e voltar a trilhá-lo.

Não estamos falando aqui que, devemos criar nossos filhos como a sociedade têm feito: não pode bater . não pode gritar . não pode corrigir ,não pode isso e aquilo porque traumatiza a criança, o’que estamos abordando é que existe uma maneira de darmos liberdade para eles escolherem , e direcioná-los sutilmente sem interferir nas suas personalidades e escolhas. Tudo o que temos dúvida a Torá tem a resposta , e com o tempo assim como aprendemos e temos continuado neste caminho adquirindo junto com o conhecimento a sabedoria da experiência, assim nosso filhos também; como diz o Rei Salomão – “O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol. Haverá algo de que se possa dizer: “Veja! Isto é novo! “? Não! Já existiu há muito tempo; bem antes da nossa época.”(Ecl. 1:9-10).

Por este motivo  devemos ter todo o cuidado para que dentro de nossa casa, as crianças precisam ter seu porto seguro, precisam se expressar conosco  e mesmo que seus pensamentos sejam diferentes do que nós pais queremos, precisam ver em nós alguém emcquem confiar, assim eles serão capazes de sobreviver no mundo de fora onde as coisas não tem controle nem filtro,  há um ditado popular que se encaixa perfeitamente aqui 

“ Criamos os filhos para sobreviver no mundo e não no nosso mundo”; quem sabe são os nossos filhos que poderão colaborar com o tikun deste mundo para que venha o advento do Mashiach, que seja em breve !

                                                          (por Morah D’vorah Anavá)