Likkutei Etzot

“São muitos os conselhos que nos  trazem vida, através das linhas escritas neste livro, porém, selecionamos alguns assuntos que sempre estão em evidência no nosso dia a dia.” (D’vorah Anavá”)

Likutei Etzot é considerada uma das principais fontes de orientação para os seguidores de Breslov, e sua influência ultrapassa as fronteiras do Chassidismo, tocando pessoas de diversas tradições que buscam respostas para questões universais do ser humano.” (Rav Immanuel Meir )

“E espero em Deus que cada um encontre neste livro o conselho do Eterno, para salvar sua alma do yetser hará (má inclinação) e não corromper seu solo. Que assim seja concedido. Amém.” (Introdução do Livro)

A Alimentação (Achilá)

Quando uma pessoa se alimenta de maneira casher e equilibrada, sem gula, isso traz retificação para a mente e subjuga a insensatez. Mas se ela come vorazmente, a insensatez domina a mente, obscurecendo a luz do tzadik e impedindo que ela receba temor e amor a Deus. (Likutei Moharan I, 17:2-3)

Dar tzedaká para tzadikim, verdadeiros e pobres dignos, ajuda a retificar falhas na alimentação. Isso permite alcançar plenitude na mente e enxergar a luz do tzadik, facilitando a recepção de temor e amor a Deus. (Ibid., 17:4-5)

Quem domina a língua sagrada (Lashon HaKodesh) e guarda a aliança (Brit) pode despertar as centelhas divinas contidas em toda a criação. Assim, sua alimentação e prazeres não são meros atos físicos, mas sim uma elevação espiritual. Esse refinamento ilumina o coração e torna seu rosto tão radiante que pode inspirar outros ao arrependimento apenas ao olharem para ele. (Ibid., 19:7-9)

Quando uma pessoa sente um desejo súbito e intenso de comer, deve saber que há forças que a odeiam. Isso ocorre porque sua parte animal está se manifestando com força. Portanto, deve-se combater essa impulsividade para se livrar da influência dos inimigos espirituais. (Ibid., 39)

 O desejo desenfreado por comida leva a desavenças e desprezo. Aqueles que comem com gula são desvalorizados pelos outros e enfrentam muitas dificuldades. No entanto, quem consegue dominar seus impulsos alimentares alcança paz interna e externa, promovendo um equilíbrio espiritual no mundo. (Ibid.)

Quem se entrega à gula está distante da verdade e atrai sobre si juízos severos e humilhações. Além disso, o desejo desenfreado por comida é sinal de futura pobreza. (Ibid., 47)

Quem consegue vencer seu desejo por comida recebe a capacidade de realizar milagres. (Ibid.)

Algumas pessoas vivem como se estivessem adormecidas espiritualmente, e muitas caem nessa sonolência devido aos desejos físicos. Mesmo indivíduos bons e retos podem se tornar espiritualmente entorpecidos através da alimentação. Comer de forma não refinada obscurece a mente, tornando-a inerte como se estivesse dormindo, mesmo se a pessoa continua estudando e rezando.

O despertar desse estado espiritual ocorre através dos contos dos tzadikim, que têm o poder de despertar a alma adormecida. (Ibid., 60:6)A alimentação de um judeu deve ser totalmente refinada e separada da impureza. Alimentos que ainda contêm elementos espirituais misturados podem levar ao pecado. O processo de refinamento dos alimentos ocorre através da emuná (fé), que é fortalecida pelo jejum. Assim, a alimentação se torna um meio de unificação divina. (Ibid., 62:1-5)

O desejo desenfreado por comida e bebida é a raiz de todos os outros desejos materiais. Quando esse desejo se fortalece, ele prende a fala da pessoa no exílio, dificultando sua conexão com Deus.

A solução para isso é o jejum, que restaura a capacidade de falar com Deus e ajuda a atrair aqueles que estão afastados d’Ele. Isso fortalece a fé e transforma a alimentação em um ato de santificação divina. (Ibid.)

O desejo por comida prejudica a honra da santidade, fazendo com que os ímpios dominem e tomem o controle do mundo. No entanto, ao subjugar esse desejo, o respeito pela santidade é restaurado, e os arrogantes perdem seu domínio. (Ibid., 67:2-3)

É essencial evitar comer mais do que o necessário, pois o excesso de comida prejudica o corpo e pode causar problemas de saúde. (Ibid., 257)

 Quem come excessivamente age como um animal, pois o que distingue o ser humano é a capacidade de comer apenas o necessário. O excesso alimentar pode levar a doenças graves. (Ibid., 263)

O desejo por comida é uma das três paixões que corrompem o temor a Deus, junto com o desejo por riquezas e o desejo sexual. Cada uma dessas paixões é combatida por uma das três festas judaicas: Pessach combate a avareza, Shavuot purifica a inclinação sexual, e Sucot fortalece o autocontrole alimentar. (Likutei Tefilot II, 1:4-5)

A alimentação também pode afetar os sonhos, podendo até mesmo provocar impureza noturna (kéri). O remédio espiritual para isso é manter-se sempre alegre. (Ibid., 5:10)

Orgulho e Humildade no Judaísmo

A humildade é considerada uma das virtudes mais elevadas, enquanto o orgulho (gaavah) pode levar a grandes quedas espirituais. Os sábios ensinam que a humildade verdadeira aproxima a pessoa de D’us e do crescimento espiritual, enquanto a arrogância a afasta.

Os Tsadikim verdadeiros atingem um nível de humildade tão profundo que se tornam “nada” diante de D’us.

Isso lhes dá o poder de expiar pecados e trazer retificação ao mundo. (Likutei Moharan 4:7)

Quem é verdadeiramente humilde transcende o materialismo e se conecta ao Ein Sof (Infinito Divino).

Esse estado de consciência permite que a pessoa veja tudo que acontece como algo bom, experimentando um gosto do Mundo Vindouro. (Likutei Moharan 9)

O orgulho afasta a bênção da parnassá (sustento) e pode trazer dificuldades financeiras. (Likutei Moharan 8)

A base do arrependimento (teshuvá) é reconhecer a própria pequenez e os próprios erros.

A pessoa que aceita humilhações sem revidar está no caminho verdadeiro da teshuvá. (Likutei Moharan 6:2)

Mesmo quem faz jejuns e ascese espiritual pode cair no erro de achar que já é um Tsadik.

A pessoa deve sempre se lembrar de que ainda tem desejos e impulsos físicos para domar.

A humildade verdadeira leva a pessoa a buscar orientação e oração dos verdadeiros Tsadikim. (Likutei Moharan 10:4)

Fala Corrompida

Quando se corrompe a fala, transforma-se a “respiração da boca de Hashem” em um “vento tempestuoso”.

Esse vento cria acusações espirituais e traz tribulações e dificuldades.

O estudo da Torah em tempos difíceis, mesmo na pobreza e no sofrimento, retifica a fala.

Isso atrai um fio de bondade sobre a pessoa, afastando os julgamentos espirituais e impurezas.

           Ouvir as palavras de um ímpio pode contaminar espiritualmente.

As palavras de um perverso são como veneno e podem influenciar negativamente o ouvinte.

Palavras sem santidade fortalecem o reino das nações e da falsidade, prolongando o exílio espiritual.

A oração fervorosa e intensa fortalece a verdade.

         Falar mal dos outros enfraquece a consciência e o amor por Hashem, fortalecendo os desejos mundanos.

Isso leva à perda da memória espiritual, fazendo a pessoa esquecer sua verdadeira missão e viver sem propósito.

A fala continua sendo um elemento central na vida espiritual e material do homem. O uso correto da palavra pode trazer bênçãos e elevação espiritual, enquanto seu uso incorreto pode levar a quedas, exílios e destruição espiritual. A seguir, mais pontos sobre essa questão: Quando a geração não vigia suas palavras e se entrega à maledicência e discursos impuros, os justos da geração acabam sendo tentados pela arrogância. Isso causa a “Galut HaShechiná” (exílio da Presença Divina).

O excesso nos desejos de comida e bebida coloca a fala em exílio, impedindo a pessoa de se expressar espiritualmente diante de Hashem.

A solução para isso é o jejum, que purifica e liberta a fala.

 

Palavras como Lashon Hará, fofoca, mentiras, zombaria, bajulação, envergonhar os outros em público, palavras vãs e linguagem vulgar fortalecem as forças do mal e da heresia no mundo.

Essas palavras dão “asas” à serpente primordial (Nachash Hakadmoni), permitindo-lhe espalhar impiedade.

O oposto ocorre com palavras sagradas, que elevam e purificam.

Oração

A principal razão pela qual as orações não são aceitas é porque as palavras não possuem graça. Portanto, cada pessoa deve se esforçar para que suas palavras sejam verdadeiramente palavras de graça. Isso se alcança por meio do estudo da Torá, e então sua oração será aceita. (Likutei Moharan, Seção 1)

A principal arma do homem judeu é a oração. Todas as batalhas que ele precisa vencer—sejam contra o instinto do mal ou contra aqueles que o impedem e se opõem a ele—tudo depende da oração, pois dela vem toda a sua vitalidade. Portanto, quem deseja alcançar a santidade de Israel verdadeiramente deve se empenhar em muitas orações, súplicas e diálogos com seu Criador, pois essa é a principal arma para vencer a batalha. (Likutei Moharan, Seção 2, Letra 1)

Se uma pessoa reza e se dedica à hitbodedut (isolamento para oração) por muitos dias e anos, mas ainda assim percebe que continua muito distante do Eterno, e sente como se D’us estivesse ocultando Seu rosto dele, não deve cometer o erro de pensar que suas orações e diálogos não estão sendo ouvidos. Pelo contrário, deve ter fé absoluta de que o Eterno escuta, atenta e dá ouvidos a cada palavra de sua oração e súplica, e que nenhuma palavra é perdida. Cada palavra faz uma impressão nos céus, pouco a pouco, despertando a misericórdia divina, até que finalmente a construção espiritual necessária seja concluída. Se a pessoa não for tola e não se desesperar de forma alguma, mas persistir e se fortalecer na oração cada vez mais, então, por meio da abundância de orações, a misericórdia divina será despertada, e D’us voltará Seu rosto para ele, iluminando-o e atendendo seus desejos através do poder dos verdadeiros justos, aproximando-o com grande compaixão e misericórdia. (Likutei Moharan, Seção 2, Letra 6)

Não é possível alcançar a oração em sua plenitude sem preservar a pureza da aliança (santidade sexual). Portanto, cada pessoa deve conectar sua oração aos verdadeiros justos da geração, pois eles sabem como elevar cada oração ao lugar correto e, com elas, construir a estrutura da Presença Divina. Isso também contribui para a vinda do Mashiach. (Likutei Moharan, Seção 2, Letra 6)

Talmud Torah (Estudo da Torah)

Através do estudo da Torah, todas as orações e pedidos são aceitos, e o carisma e o mérito de Israel são elevados tanto no âmbito material quanto espiritual. (Likutei Moharan 1)

O envolvimento com a Torah fortalece a realeza da santidade e dá força ao yetzer hatov (inclinação para o bem) para superar o yetzer hará (inclinação para o mal). (Idem)

Através do estudo da Torah, a pessoa pode aprender a reconhecer os sinais de D’us em todas as coisas do mundo e se aproximar d’Ele até mesmo em momentos de escuridão e dificuldade, encontrando ali também a presença divina. (Idem)

Ninguém peca sem que um espírito de tolice o tenha dominado. Cada pecado e dano espiritual cometido causa uma espécie de loucura no indivíduo. O antídoto para isso é o estudo da Torah, pois a Torah é composta inteiramente dos Nomes Sagrados de D’us, e através dela é possível subjugar o yetzer hará, dissipando a insensatez e os delírios causados pelo pecado. (Idem)

O estudo da Torah também protege a pessoa das armadilhas sutis do yetzer hará, que muitas vezes se disfarça até em boas ações para desviar o indivíduo. Aquele que se dedica à Torah recebe a clareza para discernir a verdade e evitar esses enganos. (Idem)

A Torah e a oração se fortalecem mutuamente e iluminam uma à outra. (Likutei Moharan 2:6)

Estudar Guemará à noite atrai um fio de graça sobre a pessoa e a protege de pensamentos não puros. Isso também fortalece a santidade da música, impedindo que a pessoa seja afetada por influências negativas da melodia impura. Através desse estudo, é possível elevar a realeza da santidade e até alcançar uma forma de profecia. (Likutei Moharan 3)

O estudo das leis (poskim) ajuda a separar e esclarecer o bem do mal, purificando os quatro elementos que compõem a natureza humana. Isso possibilita a concretização das orações e a superação dos opositores e adversários espirituais. (Likutei Moharan 8:6-7)

Para alcançar a clareza na halachá (decisão legal), é essencial rezar. (Idem)

Falar palavras de Torah ilumina a mente, ajudando a pessoa a identificar suas falhas e a fazer uma verdadeira teshuvá (retorno a D’us), avançando constantemente em níveis espirituais. (Likutei Moharan 11:1)