O primeiro cuidado básico na educação de um indivíduo é o exemplo pessoal dos educadores. Os pais e os professores devem ser bons exemplos para as crianças. Esta é a primeira obrigação dos pais em relação a seus filhos. Toda criança, de uma forma natural, quer se identificar com seus pais e deseja imitá-los. Se o exemplo que os pais apresentam é correto, e o relacionamento entre pais e filhos é sadio – caloroso, amigável – então, de forma natural, o filho deseja ser igual ao seu pai. E a filha deseja ser igual à mãe. Quando os pais exigem comportamentos que eles mesmos não observam, prejudicam a educação dos filhos. Isso acaba desnorteando as crianças.
Mesmo que o filho não tenha uma convivência intensa com os pais, é importante que ele veja a boa conduta dos pais nos momentos em que estão juntos. Também é relevante que a criança saiba que seu pai frequenta shiurim, reza com minyan, pratica boas ações, etc. Se a criança pequena está ciente desses bons comportamentos de seus pais, quando ela crescer irá encarar com naturalidade o pedido dos pais para que se comporte da mesma forma. Quando as atitudes dos pais em relação ao filho são as melhores possíveis, desde a sua concepção, a elevação espiritual do filho fica muito mais fácil; tudo corre “às mil maravilhas”!
O segundo cuidado básico é a explicação que se deve dar para os procedimentos solicitados. Conforme a criança cresce, existe a necessidade de explicar para ela os motivos de cada recomendação, de cada ensinamento. Não é saudável determinar ordens sem dar uma explicação do porquê.
Os pais têm a obrigação de explicar as razões dos fatos para os filhos, conforme sua capacidade, e não imaginar que eles são muito pequenos e que não conseguem entender nada. Os pais não podem achar que os filhos são obrigados a cumprir ordens sem qualquer esclarecimento. É claro que há certas coisas que nem mesmo nós adultos conhecemos a razão. Certamente não é sobre isso que se pede uma explicação dos pais.
Há condutas e mitsvot que são exigidas de nós e que nunca compreenderemos. Estas não podem ser esclarecidas aos filhos. Mas, ainda assim, pode-se explicar que as cumprimos por ser a vontade de Hashem, e que Ele não nos revelou um motivo. De qualquer forma, se o pai sempre explica para seu filho os fatos que o filho é capaz de entender, fica muito mais fácil de o filho aceitar os outros ensinamentos – aqueles para os quais o pai não dá explicações. Quando o filho está acostumado a receber esclarecimentos, ele confia em seu pai. Dessa maneira, o filho percebe que existem coisas que têm explicação e outras que não têm. E ele vê o pai cumprir mitsvot porque esta é a vontade de D’us.
A explicação deve ser apresentada na linguagem das crianças, conforme o nível e o poder de compreensão de cada uma. Não adianta conversar com uma criança da mesma forma que se fala com um indivíduo de vinte anos! É importante expressar-se na linguagem da criança, utilizando termos e conceitos que ela seja capaz de assimilar. Isso varia muito conforme a idade e, ainda, segundo a capacidade de cada criança.
Infelizmente, esta é uma tarefa que está um tanto abandonada em nossos dias. De uma forma geral, os pais não se ocupam o suficiente com esta obrigação. Portanto, à medida que as perguntas vão surgindo, existe a necessidade de esclarecê-las. Não somente isso. Existem conceitos básicos de emuná – fé judaica – que devem ser transmitidos, conforme a maturidade de cada criança, mesmo que elas não perguntem.
Toda criança precisa do calor de seu lar. E esse calor significa o amor que os pais transmitem. Para a criança crescer sadia, necessita de muito amor. Cabe observar, entretanto, que amar não é mimar. Não podemos confundir amor com licenciosidade. Calor humano não significa consentir que a criança tenha liberdade para fazer o que quiser sem que seja repreendida. A permissividade e os mimos farão com que o filho não mais obedeça aos pais.
Escrito por: Morah D’vorah Anavá