Chinuch - O Alicerce

Temos nas escrituras dois personagens que se destacam por suas qualidades, porém, são distintos em sua maneira de educar seus filhos. Iyov e Avraham, a grande diferença entre eles está no fato de que Avraham ensinava o caminho correto a seus filhos antes que estes chegassem a pecar. Já Iyov, depois que seus filhos realizavam as festas, levantava-se cedo e trazia sacrifícios para perdoar eventuais pecados cometidos.

O Rei Shelomô escreve (Mishlê 22:6): “Chanoch lanáar al pi darcô, gam ki yazkin lô yassur mimena – Ensina ao jovem o bom caminho, pois mesmo em sua velhice não o abandonará.” Uma orientação clara nos é transmitida pelo Rei Shelomô. É necessário educar desde a infância. Não se deve deixar o tempo passar ou será tarde demais.

O Rabino Shalom Noach Brazowsky Shelita, o Admor Mislonim, em seu livro sobre educação, “Bintivot Chinuch”, cita, do livro “Noam Elimêlech”, que a cada geração há uma mitsvá específica com necessidade de um reforço especial. Ele explica, então, que há um sinal para podermos saber qual é essa mitsvá: a que tiver uma ajuda especial dos Céus para ser concretizada. Através do cumprimento dessa mitsvá, existe a possibilidade de irradiar santidade para todos os aspectos ligados ao judaísmo e servir a D’us. Conforme suas palavras, a mitsvá específica que necessita um reforço especial em nossa geração é a mitsvá de chinuch – educação nos caminhos da Torá. 

Pois todos os que trabalham nessa área, de forma séria e dedicada, obtêm grande sucesso e têm em seu trabalho uma grande dose de ajuda dos Céus. O educador deve ainda enfatizar a seus filhos e discípulos a doçura que a Torá possui. Deve despertar, na criança, o sentimento de que os prazeres materiais não têm valor frente ao prazer sublime da luz da Torá.

Trazemos a seguir, um quadro cronológico educativo para os primeiros anos da infância.

Quando a criança começa a andar ou um pouco antes: 

– Fazer netilat yadáyim ao acordar. 

– Usar kipá (contanto que não fique caindo). 

Quando a criança começa a falar, ensinar os seguintes pessukim: 

– “Shemá Yisrael Hashem Elokênu Hashem echad.” 

– “Torá tsivá lánu Moshê morashá kehilat Yaacov.”

– “Modê ani lefanecha Mêlech chay vecayam shehechezarta bi nishmati bechemlá; rabá emunatecha.” 

Entre 2 e 3 anos e quando a criança já obedece seus pais: 

– Ensinar os “lô taassê” (preceitos de “não faça”) , como não acender a luz no Shabat e yom tov, não mexer em muctsê (objetos proibidos de serem movidos no Shabat e yom tov), não comer coisas proibidas, etc.

Entre 3 e 4 anos: 

– Ensinar o alef-bêt para que saiba de cor.

 – Ensinar algumas berachot, como Shehacol, Mezonot, etc. 

– Vestir no menino o tsitsit. 

– Ensinar sobre o conceito de verdade e mentira.

 – Fazer a criança prestar atenção no Kidush e na Havdalá. 

Entre 4 e 5 anos: 

– Começar a ler hebraico. 

– Ensinar o conceito da existência de D’us em palavras simples. Por exemplo: D’us criou tudo, está no Céu, protege-nos.

– Ensinar a fazer bondades, ter virtudes, ensinar a dar as coisas.

 – Despertar na criança a importância de que os objetos possuem proprietários e que é proibido pegar coisas que não lhe pertencem sem permissão.

 – Ensiná-la a usar uma linguagem bonita. 

– Ensinar preces curtas para que tanto meninos como meninas as recitem pela manhã e à noite antes de dormir.

Entre 5 e 6 anos: 

– Os meninos começam a aprender Chumash e rezar em horários fixos. 

– Enfatizar a proibição do lashon hará (maledicência). 

– Exigir que se expresse de maneira clara, precisa.

O ensino é uma obrigação que recai tanto sobre o pai quanto sobre a mãe. Nenhum dos progenitores deve se eximir desta função, atribuindo-a exclusivamente ao outro; ela deve ser realizada em conjunto. Mas, para que alcancem este objetivo, precisam estudar o assunto. Certamente não conseguirão os melhores resultados apenas seguindo seus instintos. Devem aprender daqueles que estudaram, pesquisaram e se aprofundaram no tema. Somente estas pessoas podem transmitir como usar esta natureza – o desejo de bem educar – da melhor forma. Assim, apesar de ser algo inato aos pais, a maneira de educar é uma “sabedoria profunda”. Não se pode menosprezá-la, mas sim encará-la com prioridade.

“Crie seus filhos de modo que se tornem adultos respeitosos, modestos e tolerantes. Mantenha-os afastados das más companhias, da leviandade e das juras. É preciso muita sensibilidade para compreender a mente e lidar com uma criança da forma adequada apropriadamente. Abre teu coração para Deus e pede a Ele que te auxilie a educar seus filhos.”

 
Escrito por: Morah D’vorah Anavá

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