Chinuch - "Cada um com seu cada qual"

Tratemos de um detalhe muito importante na educação – as tendências naturais dos filhos – sua personalidade. É indispensável que os pais conheçam bem cada um dos filhos e distingam suas tendências naturais específicas e particulares.

 Em uma família com vários filhos, por exemplo, não é correto imaginar que todos podem ser educados da mesma forma, que todos são parecidos. Nem sempre o que é apropriado para um também o é para o outro. Não existe uma criança igual a outra! Os pais devem estar perfeitamente cientes disso. Caso contrário, este entendimento errado da natureza da criança será prejudicial. Quando os pais não conhecem bem seus filhos, é comum presumirem que eles têm certas forças que de fato não possuem. 

Quando os pais não conhecem a criança, todo o esforço em sua educação será falho, pois utilizam como tática um método dirigido a alguém que não consegue assimilá-lo. Esses pais exigem da criança atitudes que vão contra sua natureza. Quem quer educar uma criança de fato, e obter sucesso, precisa saber – averiguando, investigando – quais são as tendências particulares da personalidade da criança e, baseando-se nisso, educá-la.

Quando se planta mudas de árvores, obviamente é diferente o trato que se despende a espécies distintas. Não se pode cultivar uma bananeira da mesma forma que se cuida de uma macieira! Se for dado o mesmo trato a duas árvores de espécies diversas, pelo menos uma delas não irá crescer bem. Talvez até mesmo ambas não dêem frutos. 

Algo análogo acontece com as crianças. É necessário conhecer as tendências naturais, a personalidade de cada criança, e levar isso em consideração nas medidas educacionais. Este conceito já nos é conhecido do livro “Messilot Chayim Bachinuch” do Rav Chayim Friedländer zt”l. De fato, todos os nossos grandes educadores citam em suas obras o comentário do Gaon de Vilna sobre o versículo do Rei Shelomô (Mishlê 22:6): “Chanoch lanáar al pi darcô, gam ki yazkin lô yassur mimena”. A tradução simples deste versículo é: “Ensina ao jovem o bom caminho, pois mesmo em sua velhice não o abandonará.” No entanto, a primeira parte, traduzida literalmente é: “Ensina ao jovem ‘conforme o seu caminho”. Assim, o Gaon de Vilna explica que se deve ensinar cada criança “conforme o seu caminho”– cada pessoa tem o seu temperamento e, de acordo ele, deve ser educada.

D’us concedeu o livre arbítrio a cada indivíduo, para que ele direcione sua inclinação natural – seja qual for – da forma correta. Assim, cada indivíduo, independente de sua natureza, pode tornar-se um tsadic (justo), um benoni (mediano) ou um rashá (perverso). Quando se força uma criança a agir contra o seu mazal, contra suas tendências naturais, enquanto for pequena ela obedecerá os pais por medo, mas quando já não depender tanto deles, provavelmente jogará este fardo de suas costas e se sentirá à vontade para fazer tudo o que desejar.

É necessário muita atenção, dedicação e instrução para trabalhar o comportamento e as características das crianças. Se o pai não educa o filho considerando sua idade e suas tendências naturais, ele passa a se comportar como um robô. Se o pai deixa que ele cresça “sozinho”, sem moldar suas características no tempo correto, ele cresce como uma vegetação selvagem!

 
Escrito por: Morah D’vorah Anavá

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