Quando os judeus estavam no deserto, após terem deixado o Egito, não tinham o que comer, pois o pequeno suprimento de matsá que haviam levado já se acabara. D’us mandou então uma porção diária de maná (alimento dos céus), para cada pessoa. O maná continha a propriedade de satisfazer “a todos os gostos”, proporcionando qualquer sabor que se desejasse ou imaginasse. Como eram afortunados nossos ancestrais ao serem lembrados a cada dia de que, na verdade, o homem depende da graça de D’us para obter seu alimento cotidiano.
Todas as sextas-feiras, nossos ancestrais recebiam uma porção dobrada de maná, pois no Shabat não é permitido carregar algo de fora para dentro do lar (nem de dentro para fora). Assim, em comemoração a este alimento celestial, em vez de iniciar as refeições de Shabat e Yom Tov com pão comum, fazemos a bênção do pão sobre um par de challot trançadas.
Quando o maná caía no solo, permanecia fresco, pois estava “forrado” por uma camada de orvalho, tanto embaixo como por cima. Este é um dos motivos pelo qual colocamos as challot sobre um prato ou travessa e sob uma cobertura especialmente decorada.
No hino cantado por muitos durante a refeição de Shabat é composto pelo grande místico Rabino Yitzchak Luria, conhecido como o Arizal, lemos:
Que a Shechiná (“Presença Divina”) seja cercada
pelos seis pães de cada lado [da mesa];
e que correspondam aos dois conjuntos de seis pães
e aos demais artigos [do Templo Sagrado]. . .
Em outras palavras, estamos rezando para que nossos pães trançados evoquem os 12 pães da proposição que foram colocados na Mesa (Shulchan) no Templo Sagrado de Jerusalém. Algumas pessoas fazem questão de usar uma “chalá” feita de 12 mini pãezinhos. Mas a maioria coloca apenas dois pães. Mas então, como chegamos ao número 12?
A chalá é geralmente longa, lembrando a letra hebraica vav , que tem o valor numérico de seis, então os dois pães seriam iguais a 12. Muitos também fazem suas tranças em cada chalá, elevando o total para 12.
Como os 12 pães da proposição eram substituídos todas as semanas no Shabat, o costume de usar chalot longas ou trançadas se aplica ao Shabat, enquanto durante as festas existem vários costumes diferentes. Por exemplo, durante as Grandes Festas, são feitas chalot redondas [que lembram uma coroa, alusiva à Rosh Hashaná quando reafirmamos ao mundo a coroação de D’us como o Rei do Universo].
Porque usamos sal na Chalá?
De acordo com a Cabala, o sal, que é amargo, representa a severidade divina, e o pão, o bastão da vida, representa a bondade divina. Tanto a palavra hebraica para pão, lechem (לחם), quanto a palavra para sal, melach (מלח), contêm as mesmas letras. No entanto, desejamos dominar a severidade do sal com a bondade do pão. Portanto, o costume comum não é aspergir o sal (severidade) sobre o pão (bondade), mas sim mergulhar o pão no sal – bondade sobre severidade.
Além disso, muitos têm o costume de mergulhar o pão no sal três vezes. Uma razão para isso é que a gematria (valor numérico) de lechem é 78. Mergulhamos o pão três vezes, dividindo a energia de 78 em 3, o que equivale a 26, o valor numérico do nome de D’us (o Tetragrama). Isso nos lembra o versículo “Nem só de pão vive o homem, mas de tudo o que sai da boca do Senhor o homem vive”.
Antes de comer o pão é necessário lavar as mãos ritualmente, recitando a bênção de Al Netilat Yadáyim e, em seguida, de Hamotsi. Depois de comer pão, ou uma refeição que inclua pão, concluímos com o Bircat Hamazon (a Bênção de Graças).
Escrito por: Morah D’vorah Anavá