Purim: A Celebração da Salvação e do Disfarce Divino

Introdução

Purim é uma festividade judaica que comemora a salvação milagrosa do povo judeu da trama maligna de Haman, um conselheiro real persa, no século IV a.C. A história de Purim é narrada no Livro de Ester (Meguilat Esther) na Bíblia Hebraica. Neste artigo, exploraremos as principais características e tradições de Purim.

A História de Purim

O império persa, no século IV a.C., era vasto, abrangendo mais de 127 países, com todos os judeus como súditos. O rei Achashverosh (Xerxes I) ordenou a execução de sua esposa, a rainha Vashti, por recusar-se a cumprir suas ordens. Ele organizou um desfile de beleza para escolher uma nova rainha, e Esther, uma jovem judia, foi a escolhida, embora ela tenha mantido em segredo sua nacionalidade judaica. O primeiro-ministro Haman, um antissemita, convenceu o rei a emitir um decreto para exterminar todos os judeus. Mordechai, o líder dos judeus e primo de Esther, desafiou Haman, recusando-se a se curvar diante dele. Isso levou Haman a conspirar para destruir todos os judeus.

No entanto, Esther revelou sua identidade judaica ao rei e Haman foi enforcado. Mordechai tornou-se o primeiro-ministro, e um novo decreto permitiu que os judeus se defendessem contra seus inimigos. No dia 13 de Adar, os judeus se uniram para se defender, e no dia 14 de Adar, eles celebraram sua vitória. Assim, a festa de Purim foi instituída.

Os Quatro Mandamentos de Purim

Existem quatro mandamentos específicos associados a Purim:

1. Ouvir a Meguilá: A Meguilat Esther, que narra a história de Purim, deve ser lida duas vezes, uma vez durante a noite e outra durante o dia de Purim.
2. Dar aos Necessitados: É tradicional doar dinheiro a pelo menos duas pessoas necessitadas durante o dia de Purim.
3. Presentear Comida: Outro costume é enviar presentes de comida a pelo menos duas pessoas, como forma de celebração e solidariedade.
4. Realizar uma Refeição Festiva: No dia de Purim, é costume realizar uma refeição festiva que inclua carne e vinho.

O Uso de Fantasias

Durante Purim, é comum que crianças e até mesmo adultos usem fantasias. Este costume é alusivo aos milagres divinos ocultos que salvaram o povo judeu da trama de Haman. A Meguilat Esther é o único livro na Bíblia Hebraica que não menciona Deus uma única vez, pois na história de Purim, Deus age de forma oculta e por meio de eventos naturais. Assim como os eventos de Purim estavam disfarçados como coincidências naturais, Deus também age em nossa vida de maneiras que muitas vezes não percebemos.

O Jejum de Esther

Para buscar o favor divino e influenciar o rei a frustrar os planos de Haman, a Rainha Esther pediu a seu tio Mordechai que ordenasse um jejum de três dias. Este jejum, conhecido como Taanit Esther, começa na manhã do dia anterior a Purim e dura até a noite. É costume quebrar o jejum após a leitura noturna da Meguilá.

As “Meias Moedas” (Machatzit HaShekel)

Na tarde do Jejum de Esther ou antes da leitura da Meguilá à noite de Purim, é costume fazer doações à sinagoga para celebrar o meio-shekel que os judeus contribuíam como sua parte nas oferendas comunitárias no Templo Sagrado de Jerusalém. Esta doação é uma forma de proteção e bênção, lembrando que a Tzedacá (caridade) nos salva de todo mal.

Conclusão

Purim é uma festividade judaica rica em tradição e significado, celebrando a vitória do povo judeu sobre a adversidade. Além de suas práticas religiosas, Purim ensina a importância da solidariedade, caridade e da compreensão de que os milagres divinos muitas vezes estão escondidos nas tramas da vida cotidiana. É uma festa alegre que lembra os judeus de que Deus está presente, mesmo quando Sua presença não é óbvia.