A entrega das duas tábuas dos mandamentos é um dos eventos mais emblemáticos da história do povo de Israel e do relacionamento entre D’us e a humanidade. Esse momento, descrito no livro de Êxodo, simboliza não apenas a revelação divina, mas também a aliança entre o Criador e Seu povo escolhido. O conteúdo das tábuas representa a base moral e espiritual que rege a vida judaica e influencia diversas tradições religiosas ao longo da história.
De acordo com a narrativa bíblica, Moshé (Moisés) recebeu as duas tábuas no Monte Sinai, diretamente das mãos de D’us, como registrado em Êxodo 31:18: “E deu a Moshé, quando acabou de falar com ele no monte Sinai, as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas com o dedo de D’us”. Essas tábuas continham as Dez Pronúncias , que são preceitos fundamentais que regulam a relação do homem com D’us e com o próximo.
Contudo, ao descer do Sinai e encontrar o povo adorando o bezerro de ouro, Moshé quebrou as tábuas em um gesto de indignação (Ex 32:19). Posteriormente, a pedido de D’us, ele subiu novamente ao Sinai, levando duas novas pedras para serem entalhadas novamente os dez mandamentos (Êx 34:1). Essa duplicação possui um significado profundo dentro da tradição judaica, indicando a relação entre justiça e misericórdia, bem como a necessidade de arrependimento e restauração.
Os Dez Mandamentos são divididos em duas seções, cada uma inscrita em uma das tábuas. Essa divisão não é apenas física, mas também conceitual:
A estrutura das tábuas ensina que a fé e a conduta moral são indissociáveis. Uma pessoa não pode se considerar justa apenas por seguir as leis de D’us se não tratar o próximo com bondade e retidão.
O Midrash ensina que as tábuas foram esculpidas em pedra para simbolizar sua eternidade. Além disso, diz-se que as letras foram gravadas atravessando completamente a pedra, um sinal de que a Torah não é apenas superficial, mas deve ser interiorizada e vivida em sua totalidade.
Após sua confecção, as segundas tábuas foram colocadas na Aron HaKodesh, a Arca Sagrada, junto com os restos das primeiras tábuas quebradas. Isso indica que mesmo os erros e falhas fazem parte da jornada espiritual, e que a redenção é sempre possível.
Os Dez Mandamentos transcenderam o povo de Israel e influenciaram a legislação e a ética ocidentais; Até mesmo porque, para o povo judeu e para aqueles que estudam sabem que, não são apenas dez mandamentos, mas a partir deles D’us deu uma serie de ordenanças e outros mandamentos para que eles pudessem finalmente viver e começar a compreender um pouco da essencia Divina.
Muitos dos conceitos morais das sociedades modernas derivam diretamente desses preceitos, que são vistos como uma base universal para a convivência e a justiça.
As duas tábuas dos mandamentos representam a aliança eterna entre D’us e Seu povo, estabelecendo as bases para uma sociedade justa e reta. Elas nos lembram que o relacionamento com o Criador não pode ser dissociado da responsabilidade moral e ética no trato com o próximo. Assim, a mensagem dos Dez Mandamentos permanece viva e relevante, orientando os que desejam viver de acordo com a vontade divina.
Alguns comentários dos sábios e referências sobre as Tábuas :
O Midrash Shemot Rabbah 28:4 explica que as duas tábuas dividem os mandamentos em duas categorias:
Rashi comenta que a razão para essa divisão é que não há espiritualidade sem moralidade, e não há moralidade verdadeira sem um vínculo com D’us.
Após Moisés quebrar as primeiras tábuas ao ver o povo adorando o bezerro de ouro, D’us ordenou que ele esculpisse novas tábuas (Êxodo 34:1). O Talmud (Nedarim 22b) destaca que as segundas tábuas vieram acompanhadas da Torah Oral, enquanto as primeiras continham apenas a Torah Escrita.
“Se as primeiras tábuas não tivessem sido quebradas, não haveria esquecimento da Torah em Israel.” (Nedarim 22b)
Isso significa que, na primeira entrega, os mandamentos estavam num nível de revelação superior. Com a queda do povo, foi necessário um novo pacto, trazendo consigo a necessidade de estudo e esforço contínuo para entender a Torah.
O Midrash Tanchuma (Ki Tissá 30) ensina que as tábuas eram pesadas demais para Moisés carregar, mas ele foi sustentado por D’us. No momento em que viu o bezerro de ouro, a santidade se afastou e ele não conseguiu mais segurá-las.
Rav Kook comenta que isso simboliza que a Torah só pode ser carregada quando há pureza e compromisso com D’us. Sem esses elementos, a revelação não se sustenta.
O Talmud (Berachot 8b) afirma que os pedaços das primeiras tábuas foram guardados dentro da Arca da Aliança, junto com as segundas tábuas. Isso nos ensina que até os erros e fracassos podem ter um papel na nossa espiritualidade.
“As tábuas e os fragmentos das tábuas estavam na Arca.” (Berachot 8b)
O Ramban (Nachmânides) interpreta isso como um lembrete de que devemos aprender tanto da retidão quanto dos erros do passado.
As duas tábuas dos mandamentos representam não apenas as leis divinas, mas também a dinâmica entre justiça e misericórdia, a Torah Escrita e Oral, e o equilíbrio entre espiritualidade e moralidade. Os sábios do Talmud e do Midrash veem nelas um modelo de como a Torah deve ser aplicada: com santidade, esforço contínuo e compreensão do papel do erro e da correção.
(D’vorah Anavá)
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