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A Lei da Sotah: A busca pela verdade

Entre as passagens mais intrigantes da Torá, está o ritual da Sotah, descrito em Bamidbar (Números) 5:11–31. À primeira vista, o relato parece distante do nosso mundo moderno: uma mulher suspeita de adultério é levada ao Mishkan (Santuário), onde passa por um processo espiritual diante dos Cohanim, bebendo das chamadas águas amargas. Se culpada, sofreria graves consequências físicas; se inocente, era publicamente justificada e abençoada com fertilidade.

 

Contudo, por trás deste antigo ritual há princípios profundos e atuais, que ecoam fortemente na vida religiosa de nossos dias.

 

A essência do ritual da Sotah não era a punição, mas a busca pela verdade sob o olhar direto do Eterno. Era D’us, e não o ser humano, quem revelava o que estava oculto.

 

Hoje, cada um de nós é chamado a essa mesma transparência. Mesmo sem águas amargas, nossa consciência religiosa nos lembra que tudo é revelado diante de D’us. Nossas intenções, pensamentos e ações estão sempre expostos perante Ele. Esse senso de responsabilidade interna deve nos conduzir a uma vida de integridade, mesmo quando ninguém mais está observando.

 

O ritual da Sotah também ensina o cuidado que devemos ter com o julgamento alheio. O marido só levava a esposa ao ritual após os sinais de ciúmes e suspeitas. A Torá estabeleceu um sistema que evitava acusações precipitadas, entregando o veredito ao Tribunal Celestial. Quantas vezes julgamos os outros sem termos todos os fatos? Quantas vezes as suspeitas e boatos destroem lares, amizades e comunidades? O modelo da Sotah nos ensina o perigo de sermos rápidos em condenar e a necessidade de buscar a verdade com humildade e temor.

 

Talvez o ponto mais surpreendente do ritual da Sotah é que, ao ser declarada inocente, a mulher não apenas saía livre de culpa, mas recebia uma bênção especial: a fertilidade aumentada.

 

Assim também ocorre em nossa vida espiritual. Muitas vezes passamos por provações, onde nossa fé, integridade e pureza interior são testadas. Se permanecermos fieis, não apenas superamos o desafio, mas saímos mais fortalecidos e abençoados. O sofrimento se transforma em fonte de vida.

      

        “ Estou absolutamente convencido de que os nossos sofrimentos do presente não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada.” (Rm 8:18)

 

Na Cabalá e nos escritos dos sábios, as águas amargas simbolizam também os amargos momentos de autoavaliação e retificação. Beber da água amargurada é enfrentar as próprias falhas e permitir que D’us purifique o coração.

 

Nos dias de hoje, a teshuvá sincera é uma forma de beber destas águas espirituais, não tem nada mais amargo do que perceber que nossa transgressão nos afasta da presença Divina.

O verdadeiro Tikun (reparo) nasce quando reconhecemos nossas fraquezas diante do Eterno, confiando na Sua misericórdia para restaurar aquilo que parecia perdido.

 

“Tov veyashar Adonai; al ken yoreh chatta’im badarech “

“Bom e reto é o Eterno; por isso instrui (reensina) os pecadores no caminho.”

 

O ritual da Sotah não é apenas um episódio do passado, mas um reflexo contínuo da relação entre o ser humano e D’us:

 

A busca pela verdade interior.

 

O perigo do julgamento precipitado.

 

A bênção escondida nas provações.

 

O chamado à pureza de pensamento e conduta.

 

Em tempos de tantas acusações, cancelamentos e falsas suspeitas, a lição da Sotah nos convida a cultivar humildade, responsabilidade e temor do Céu, lembrando que D’us é o verdadeiro Juiz, e a pureza interior sempre trará bênção duradoura.

 

“O Eterno esquadrinha o coração e examina os rins…” (Jeremias 17:10)

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