A construção do Mishkan (Tabernáculo) no deserto foi um dos momentos mais significativos da história do povo de Israel. O Mishkan não era apenas uma estrutura física, mas um reflexo da conexão entre D’us e Seu povo. Ele representava a presença divina no meio da comunidade e estabelecia um modelo para a relação espiritual que o ser humano deve cultivar em sua vida. Hoje, sem um Mishkan ou Beit HaMikdash físico, a essência desse santuário pode ser internalizada: cada indivíduo deve transformar seu próprio corpo e alma em um templo para servir a D’us.
Após o pecado do Bezerro de Ouro, D’us ordenou a construção do Mishkan para que Sua presença pudesse habitar no povo de Israel:
“E Me farão um santuário, e habitarei no meio deles.” (Êxodo 25:8)
O uso da palavra “no meio deles” e não “nele” ensina que o verdadeiro propósito do Mishkan não era apenas ser um local físico, mas sim um espaço onde a Shechiná (Presença Divina) pudesse estar entre os corações do povo. O Mishkan foi construído de forma móvel para acompanhar o povo em sua jornada, mostrando que a santidade não deve estar restrita a um único lugar, mas sim presente em toda a vida.
Os sábios ensinam que o Mishkan simboliza o próprio ser humano, pois cada parte do Tabernáculo reflete aspectos da alma e do corpo:
A Arca da Aliança (Aron HaBrit), onde estavam as Tábuas da Lei, representa o coração e a mente, que devem estar preenchidos com a Torah.
O Menorá (candelabro) simboliza os olhos, que devem iluminar o mundo com sabedoria e santidade.
A Mesa dos Pães (Shulchan) representa a boca, que deve ser usada para palavras de bondade e bênção.
O Altar do Incenso (Mizbeach HaKetoret) simboliza o olfato, pois o cheiro doce do incenso representa as orações e a elevação espiritual.
O Altar do Sacrifício (Mizbeach HaOlah) representa o auto aperfeiçoamento, onde devemos queimar nossos impulsos negativos para nos aproximarmos de D’us.
Assim como o Mishkan precisava de pureza e zelo para ser um local adequado para a Shechiná, o ser humano também deve santificar seu corpo e alma para ser um receptáculo da presença divina.
No Mishkan, os sacerdotes (Cohanim) realizavam rituais diários para manter a conexão entre o povo e D’us. Hoje, sem um Templo físico, o serviço a D’us acontece por meio de ações espirituais e éticas:
Oração (Tefilá) → Substitui os sacrifícios diários e conecta o ser humano com o Criador.
Estudo da Torah → Representa o fogo do altar que purifica e eleva a alma.
Boas ações (Chessed e Tzedaká) → Criam harmonia no mundo e atraem a Shechiná.
Santidade pessoal → A maneira como usamos nossos corpos, pensamentos e palavras determina nossa proximidade com D’us.
Os sábios ensinam que cada judeu é um “Cohen” dentro do seu próprio Mishkan, e a forma como conduzimos nossa vida determina se estamos permitindo que a Presença Divina habite em nós.
Assim como o Mishkan foi santificado para ser um local de encontro com D’us, cada pessoa pode transformar seu corpo em um templo vivo. Isso é feito por meio de três princípios fundamentais:
O coração e a mente são o centro da espiritualidade. Quando uma pessoa se enche de pensamentos elevados, medita na Torah e busca sempre o bem, ela permite que a luz divina habite dentro dela.
A boca é como o Altar do Incenso. As palavras que proferimos têm o poder de criar ou destruir. Quando utilizamos a fala para orar, ensinar e encorajar, tornamos nossa existência um Mishkan.
O corpo deve ser um instrumento para o bem. Cumprir os mandamentos, alimentar-se de forma kasher, praticar boas ações e ajudar os outros são formas de elevar a matéria à santidade.
O Talmud ensina:
“Faça da sua casa um pequeno santuário.” (Meguilá 29a)
Isso significa que nossa vida deve ser estruturada como um Mishkan, um lugar onde D’us se sente bem-vindo.
O Mishkan físico foi um modelo para que cada pessoa aprendesse a criar um santuário dentro de si mesma. A essência do Mishkan não foi perdida com a destruição do Templo, pois ele vive dentro de cada ser humano que escolhe servir a D’us com pureza, retidão e amor.
Transformar o corpo e a alma em um Mishkan vivo significa santificar a vida diária, buscando sempre refletir a luz da Torah e trazendo a Presença Divina para o mundo. Quando cada indivíduo se torna um pequeno santuário, a revelação divina se manifesta em toda a criação, trazendo bênçãos e harmonia.
Que possamos construir esse Mishkan interno todos os dias, tornando nossas vidas um reflexo da santidade e do propósito divino; até que Mashiach venha , e nos ensine a Torá oculta onde viveremos em santidade e devoção e não presos aos nossos desejos e corpo limitado , mas transformados e unidos finalmente a fonte de todo universo Hashem.
fonte: Torah – Êxodo 25:8, Zohar II, 152a, Meguilá 29a, Sefer HaChinuch – Mitzvá 95.
(D’vorah Anavá)
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