A Doçura do Leite e a
Alegria das Refeições Sagradas

Shavuot, a Festa das Semanas, não é apenas uma comemoração da entrega da Torá — é também uma celebração sensorial, marcada por alegria, beleza e sabores simbólicos. Diferente de outras festividades judaicas, Shavuot não possui um número extenso de mandamentos ritualísticos. Em vez disso, ela convida o judeu a saborear a espiritualidade através da alegria da comida, especialmente de alimentos lácteos e doces, que carregam significados profundos e sagrados.

 

“Mel e leite estão sob a tua língua” – Shir HaShirim Rabbah 1:2

 

O Midrash, ao comentar o versículo “דְּבַשׁ וְחָלָב תַּחַת לְשׁוֹנֵךְ – Mel e leite estão sob a tua língua” (Cântico dos Cânticos 4:11), ensina que a Torá é comparada ao leite e ao mel. Assim como o leite é puro, nutritivo e essencial desde os primeiros dias de vida, a Torá é o alimento da alma, que nutre espiritualmente, adoça o entendimento e sustenta o povo judeu desde seu nascimento como nação no Sinai.

 

A escolha de alimentos lácteos em Shavuot não é apenas um costume estético — é uma expressão material da doçura da Torá. Comer queijo, iogurtes, bolos de ricota e sobremesas com mel é uma forma de internalizar o simbolismo do aprendizado e da revelação divina.

 

Hilchot Yom Tov 6:17–18 – Rambam

 

O Rambam, em seu código haláchico Mishneh Torá, destaca que nos dias festivos há uma mitzvá essencial: alegrar-se com comida e bebida. Ele escreve:

 

“É um mandamento positivo da Torá alegrar-se em Yom Tov, como está dito: ‘E te alegrarás em tua festa.’ (…) Os homens devem comer carne e beber vinho, e as mulheres devem receber roupas novas e presentes, de acordo com sua capacidade.”

 

Embora Shavuot não seja mencionada diretamente com alimentos específicos, essa obrigação de se alegrar também se aplica à sua observância. A refeição festiva de Shavuot é, portanto, uma expressão legítima e sagrada da alegria espiritual. E em muitas comunidades, essa alegria se concretiza com uma refeição láctea no início, seguida por uma refeição cárnea, cumprindo ambos os níveis de prazer físico permitidos na festa (com os devidos cuidados entre leite e carne, conforme a halachá).



Entre os pratos mais tradicionais de Shavuot estão:

 

Cheesecake (ugat gvina) – símbolo moderno da doçura da Torá.

 

Blintzes (panquecas recheadas com queijo) – rolinhos que lembram pergaminhos da Torá.

 

Suflê de ricota, pastéis de queijo e pratos com creme de leite – abundância e suavidade.

 

Sonhos recheados com creme , ou doce de leite.

 

Bolo de Quiejo cremoso.

 

Bolo de milho.

 

Alfajores com doce de leite .

 

Frutas e grãos – celebrando a época das colheitas de trigo e das bikurim (primícias).



Ao comer com consciência e intenção em Shavuot, o judeu transforma uma ação material em um ato espiritual. A comida se torna não apenas sustento físico, mas um canal para internalizar a luz da Torá, refletir sobre sua doçura e reafirmar o vínculo com o D’us que nos deu esse presente no Sinai. Shavuot nos lembra que o prazer permitido é também uma ponte para o sagrado, e que o gosto da Torá pode — e deve — ser sentido na língua, no coração e nas ações.

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