A tradição da Cabalá ensina que a alma humana reflete a estrutura das Dez Sefirot, que são os atributos espirituais pelos quais D’us criou o mundo e interage com ele. Assim como as Sefirot moldam a realidade, elas também estruturam a alma do homem, dividindo-se em três poderes intelectuais e sete poderes emocionais. Essa divisão não apenas descreve a natureza humana, mas também revela o conflito interno entre os aspectos divinos e animalescos da alma.
Os primeiros três atributos da alma são chamados de Chabad (um acrônimo para Chochmah, Binah e Daat). Esses são os poderes da mente e representam a conexão da alma com sua origem divina.
Chochmah – Sabedoria
Representa a centelha inicial da compreensão, a inspiração pura e a capacidade de enxergar verdades divinas.
Simboliza o “flash” da intuição, a visão de algo antes de ser plenamente elaborado.
Binah – Entendimento
Expande e desenvolve as ideias de Chochmah, permitindo que a pessoa compreenda conceitos de forma detalhada.
É o processo de análise, dissecação e assimilação da sabedoria.
Daat – Conhecimento e Conexão
Une Sabedoria e Entendimento, tornando o conhecimento algo real e aplicável.
No contexto espiritual, Daat significa conexão: é a capacidade de internalizar conceitos divinos e permitir que influenciem a vida cotidiana.
Esses três poderes do intelecto são a força motivadora da parte Divina da alma. Eles direcionam a consciência humana para além do imediatismo dos desejos, permitindo a contemplação da vontade de D’us e a busca por significado e propósito.
As sete sefirot inferiores correspondem às emoções e à maneira como interagimos com o mundo. Elas são a principal motivação do elemento animalesco da alma, que busca auto afirmação e satisfação.
Chessed – Bondade e Amor
O desejo de dar, compartilhar e se conectar com os outros.
No aspecto negativo, pode se tornar excessivo e levar à indulgência descontrolada.
Gevurah – Rigor e Disciplina
A força da restrição e do julgamento. Controla e direciona o impulso de Chessed.
Se exacerbada, pode levar à severidade excessiva e à intolerância.
Tiferet – Beleza e Harmonia
O equilíbrio entre Chessed e Gevurah, manifestando-se como misericórdia e empatia.
Representa a capacidade de ver além de si mesmo e se conectar com os outros de maneira harmoniosa.
Netzach – Persistência e Vitória
A determinação e a resistência para superar desafios e atingir metas.
Sem equilíbrio, pode se tornar teimosia e arrogância.
Hod – Humildade e Submissão
A capacidade de reconhecer algo maior que si mesmo e se curvar perante a verdade divina.
Em desequilíbrio, pode resultar em passividade e falta de iniciativa.
Yesod – Fundação e Conexão
A força da comunicação e da fidelidade nos relacionamentos.
No aspecto negativo, pode se transformar em dependência excessiva de conexões externas.
Malchut – Realeza e Manifestação
Representa a capacidade de liderar, influenciar e concretizar ideias no mundo.
No lado negativo, pode levar à busca desenfreada por poder e reconhecimento.
Essas sete sefirot são a base da expressão emocional da alma, conectadas às interações humanas e ao mundo material. Elas fazem parte do elemento animalesco da alma, pois muitas vezes são guiadas por desejos e necessidades terrenas.
O ser humano está constantemente preso entre duas influências: o intelecto e as emoções. O intelecto, quando desenvolvido, pode iluminar e guiar as emoções, tornando-as instrumentos para servir a D’us. No entanto, quando as emoções dominam o intelecto, a pessoa pode ser levada por impulsos e paixões, afastando-se da consciência espiritual.
Esse é o cerne da batalha interna entre a Alma Divina (Nefesh Elokit) e a Alma Animal (Nefesh Behamit) descrita no Tanya, obra fundamental do pensamento chassídico. O propósito do homem é refinar as emoções, permitindo que sejam dirigidas pelo intelecto e, por consequência, pelo Divino.
A alma humana, espelhando as Dez Sefirot, é uma composição de intelecto e emoções que precisa ser equilibrada para atingir sua plena realização espiritual. Quando os três poderes intelectuais orientam as sete forças emocionais, a pessoa vive em harmonia com seu propósito divino.
O estudo e a prática da Torah são os meios pelos quais esse equilíbrio pode ser alcançado, transformando as emoções impulsivas do elemento animalesco da alma em ferramentas para elevar e santificar a vida, alinhando-se à vontade de D’us.
Assim, compreender e trabalhar as Dez Sefirot na alma não é apenas um estudo místico, mas um guia prático para uma vida mais elevada e espiritualmente refinada.
fonte: Zohar I, 223a, Zohar III, 290b, Sefer HaTanya, Capítulo 3 e 4
Rambam (Maimônides) – Moreh Nevuchim (Guia dos Perplexos), Parte 1, Capítulo 68,
(D’vorah Anavá)
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